quinta-feira, julho 26, 2007

Paisagem Arquitetônica

PAISAGEM ARQUITETÔNICA
Publicado nos Anais do VII Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – VII ENEPEA Belo Horizonte -2004

Este texto aborda a conceituação de paisagem, sua etimologia, os métodos de análise, a diferenciação entre paisagem natural e cultural e a estruturação morfológica da paisagem arquitetônica.
Caracteriza-se em parte do corpo teórico que fundamentou a pesquisa sobre as formas e arranjos da paisagem cultural transformada desde a paisagem natural desde o século XVII de um recorte físico em São Luís do Maranhão e foi desenvolvido durante o Mestrado em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco. Foi selecionado a partir das constatações da pesquisa cujo entendimento foi de que paisagem é uma condição essencial na formação e na prática profissional do arquiteto e que os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo, oriundos de um ensino fundamental e médio deficiente, ainda apresentam a necessidade de uma alfabetização ambiental.
Essa alfabetização passa necessariamente pela construção de um conceito de paisagem e de uma sistematização do conceito da paisagem arquitetônica como instrumento de análise aplicável à prática projetual.
Os estudos da paisagem arquitetônica, ainda que se alimentem da Geografia e de outras disciplinas, devem consolidar seus conhecimentos no campo da Arquitetura e do Urbanismo e em seu sentido mais amplo, no campo da Arquitetura Paisagística, pois entre os inúmeros agentes de transformação, é também o arquiteto, um agente que atua diretamente sobre a paisagem promovendo transformação desde a micro-escala, que é o edifício em si, até a macro-escala que é a cidade (gestão, planejamento urbano e regional, produção acadêmica, entre outras tantas contribuições).
Ao se avançar levando em conta o planejamento da paisagem, constata-se a quase ausência desse conhecimento em muitos cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, entre eles o da Universidade Estadual do Maranhão. Observando-se que esses cursos concentram os conhecimentos na produção de paisagens artificiais, voltados mais para a transformação da paisagem natural em cultural, e menos nos princípios do consorciamento ecossistêmico, deixando a cargo de umas poucas disciplinas (Paisagismo I e Paisagismo II no caso da UEMA) o estudo das paisagens naturais e a sua conservação e integração.
A própria ciência do Paisagismo, para muitos, encerra uma idéia equivocada. A de que seu conhecimento é somente o da transformação da paisagem, e não o conhecimento e conservação das paisagens – natural ou cultural. Cabe reforçar dentro da Arquitetura Paisagística até mesmo uma alfabetização ambiental dos futuros arquitetos do curso.
A idéia de que paisagem natural para muitos pesquisadores, inclusive arquitetos, seja algo que não exista mais e compreendidas como paisagens geográficas e, portanto culturais, nos alerta que esse conceito deva ser discutido, pois a sua qualificação como cultural pode conduzir a paisagem morfologicamente natural, à condição de recurso natural e insumo básico para a produção de bens e serviços. E sendo, portanto, recurso capital orientado à transformação (degradação ou perda ambiental) não apenas conceitual, mas também física.
A reflexão sobre o conceito de paisagem natural é fundamental para o campo da Arquitetura Paisagística, que se considera ser não somente a ciência do jardim, da praça ou do parque, mas da paisagem em seu sentido mais amplo, e assim da paisagem arquitetônica.
Vale lembrar que em países como o Brasil, que possuem extensas áreas de paisagens naturais com diversidade ecossistêmica significativa, considerar todas elas, como recurso e insumo, representa determinar sua apropriação integral e pôr em risco toda a diversidade biótica existente.
Entendemos que muitos poderiam ter sido os caminhos da pesquisa teórica para a discussão dessa temática, especialmente por se tratar de paisagem (dialética entre o concreto e o abstrato) o que representaria remeter-se às representações sociais. Entretanto entendemos também que o conhecimento no campo da Arquitetura Paisagística ainda em construção no campo prático, direcionou nossa opção para uma análise morfológica da paisagem, ou seja, buscar o entendimento desse objeto que é a paisagem (concreto), como base para futuros estudos do que é a representação social de paisagem (abstrato).
Em nosso trabalho essa é a ênfase, ainda que pontuando alguns aspectos da representação que as pessoas realizam sobre a paisagem. De que “a estrutura da paisagem seria o resultado da interação entre a natureza e a cultura – um complexo continuo de encaixe” (Schlüter in Gomes:1997:27). Ainda quando se considera a dinâmica da paisagem (Spirn:1995) em alguns pontos relevantes na abordagem desta investigação, objetiva-se a compreensão da transformação da paisagem natural em paisagem cultural, especialmente na produção da paisagem arquitetônica sob os princípios da conservação integrada. Princípios esses, sob os quais se acredita que as cidades poderão se tornar melhores para a vida de seus cidadãos e das comunidades bióticas.

PAISAGEM
Desde o século XIX, a Geografia, enquanto ciência, vem se dedicando ao estudo da paisagem e consubstanciando até hoje os estudos da Arquitetura e o Urbanismo. Essas contribuições têm vindo de filósofos e geógrafos, como os europeus Kant, Humboldt, Hatzel, Ritter, Vidal de La Blanche e Sorre e o estadunidense Sauer, além de Santos, Corrêa, Leite, Moreira e Moraes (Brasil) entre outros brasileiros (Leite: 1982; Corrêa: 1995).
Se as raízes da Geografia vêm da Antiguidade, do pensamento grego presente nos estudos de Heródoto ou Estrabão, que mostravam os traços naturais e sociais das terras por onde andavam, é no pensamento filosófico de Kant (1724-1804) que a mesma se fundamenta, pois para Kant, esse conhecimento se dá em duas disciplinas de síntese: a Antropologia e a Geografia. A primeira revela o homem e a segunda revela a natureza. Ambas são respaldo e campo de aplicação de seu sistema filosófico.
Kant, que lecionou em Koenigsberg na Alemanha, Geografia Física e sendo um dos precursores dessa disciplina, considerava o estudo da paisagem a partir de uma análise geográfica restrita aos aspectos visíveis do real, cujas variantes para a sua apreensão encontravam-se na tônica descritiva dos elementos morfológicos e na inter-relação dos elementos na dinâmica fisiológica (Kant: 1980; Moraes: 1999). Essas duas perspectivas – a morfológica e a fisiológica - apresentam como característica básica, a individualidade local, que permite compreender a paisagem como algo que identifica o lugar, pois cada lugar tem suas próprias características e estruturação morfológica diferenciada, mesmo contendo os mesmos elementos naturais iguais aos de outros lugares. A individualidade local seria a condição que diferencia os lugares e essa diferenciação se confirma também a partir do entendimento do termo paisagem.
O TERMO PAISAGEM
Etimologicamente Paisagem é uma palavra composta formada por “pagus”, que significa campo, aldeia; e por ”aticum” “agem” – que designa coleção (Bueno:1971; Azevedo: 1971), e se origina do latim. A origem da palavra paisagem é remota. Segundo Mesquita (2001), o termo “pagus” foi introduzido no século I a.C. pelos romanos na Gália (França), correspondendo a ”marco para delimitar espaços agrícolas”.
Conforme Bueno (1974) o termo “pagus” dá origem à “paganus” (habitante do campo) em oposição à “urbanus” (habitante da cidade) e a “montanus” (habitante das montanhas). Os paganus, assim chamados pelos romanos, compunham as sociedades aristocráticas de germanos (gauleses), unidas somente pela língua e religião. O pai, nas famílias gaulesas, detinha total autoridade e se associava a outros chefes de família formando tribos, sendo um grupamento político essencial ao mesmo tempo em que uma unidade geográfica (Aquino, Franco e Lopes: 1980). Os paganus também se diferenciavam por resistirem ao alistamento forçado ao exército romano e como prática permaneciam escondidos nos campos (pagus) (Aquino, Franco e Lopes: 1980).
Segundo Azevedo (1971), “pagus+aticum” evoluiu para o francês “pays+age” (no século XVI aparece o termo “paugâge”, depois no séc. XVII em 1656 “paysage”), que significa – país, aldeia, e o sufixo “age” que significa “porção de um” (Bueno: 1971). Também na Itália, no séc. XVII aparece “payzano” se relacionando com as pessoas do campo.
O termo “paisagem” evoluiu desde o século XV até os dias de hoje, vindo do conhecimento pictórico da Renascença, simultaneamente ao aprendizado do desenho em perspectiva e da pintura da paisagem (Tandy: 1982; Leite: 1982; Zukin: 2000; Mesquita: 2001) e também se relaciona com pessoas do lugar (cidadão) (Bley: 1999). A paisagem, como pintura ou imagem de um lugar, aparece no séc. XVIII na França. Em 1844, verifica-se o termo paisagista designando as pessoas que pintam paisagens. Bueno (1974) define o termo paisagem como sendo: “O aspecto complexo de um lugar, a vista do país. Provem da linguagem dos pintores, que reproduziam cenas campestres”.
Considerando-se o termo paisagem, entende-se assim que a identidade destas também revelava as formas de transformação empregadas por seus povos e não somente a suas formas naturais, evidenciando sua cultura, suas relações de produção e as relações sociais.

MÉTODOS DE ANÁLISE
Como ciência o estudo da paisagem passa a tomar forma a partir da Geografia. O caráter do estudo geográfico, principalmente o da Geografia Tradicional representada por Kant, Humboldt, Ritter e Ratzel, na Geografia Alemã e mais tarde com Vidal de La Blanche (1870) e Sorre (1940) na Geografia Francesa, era o estudo da paisagem “apoiado em sua totalidade em fundamentos positivistas, para legitimar a autoridade de uma ciência, uma definição precisa do objeto” (Moraes: 1999) e esse objeto seria a paisagem.
Na tradição kantiana, a perspectiva morfológica da paisagem é descritiva e enumera os fenômenos abarcados – os elementos presentes e as formas desses elementos (morfologia), restrita aos aspectos visíveis. Para Humboldt, a perspectiva morfológica da paisagem se fundamenta na Estética, enfocando a contemplação. No entanto, considera a relação entre os elementos presentes na paisagem e a dinâmica destes, levando em conta o funcionamento da paisagem como um organismo, fundamenta a perspectiva fisiológica da paisagem no campo da Biologia.
Humboldt e Ritter, que foram contemporâneos na Alemanha (ambos morreram em 1859), tinham concepções diferentes (Moraes: 1999). Enquanto Humboldt concebe a Geografia, como uma síntese de todos os conhecimentos da natureza e como método de análise, propõe a intuição a partir da observação (empirismo raciocinado), Ritter define o conceito de “sistema natural”, no qual o homem é o sujeito da natureza (proposta antropocêntrica), considerando uma área específica e “dotada de individualidade”. Sendo, portanto regional, revelando sempre a relação homem-natureza.
Como análise, Ritter considerava que “é necessário caminhar de observação em observação” (Moreira: 1994; Moraes: 1999). Embora esse fosse o método, foi Carl Ritter quem introduziu formalmente na Geografia “método” e “termo”, consagrando o estudo regional comparativo (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998). No mesmo período, no final do século XIX, Ratzel funda a Geografia Humana. Foi o primeiro formulador das bases da Antropogeografia, que estuda o homem em relação aos elementos do meio em que se insere. Definiu o objeto geográfico “como o estudo da influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade” (Moraes: 1999).
Ratzel entendia que a análise da paisagem consistia na observação e descrição. Nela buscava “ver o lugar como objeto em si, e como elemento de uma cadeia” (Ratzel in Moraes: 1999). A paisagem revelava assim não somente seus elementos naturais, mas também a ação dos homens sobre essa paisagem.
Foi na Alemanha que a sistematização da Geografia se fez de modo mais vigoroso, embora, durante todo o século XIX em outros países, outros geógrafos importantes também tenham contribuído para a construção desse saber (Moraes: 1999). Na França, a partir da Terceira República Francesa (1870) foram criados as cátedras e os Institutos de Geografia, sendo Paul Vidal de La Blanche seu fundador. Embora Vidal de La Blanche faça severas críticas ao pensamento geográfico alemão, não rompe com a visão naturalista. Para ele, “a Geografia é uma ciência dos lugares, não dos homens” e seu objeto “é a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem” (Moraes: 1999).
O homem é o habitante de vários pontos da terra e se adapta ao meio, desenvolvendo relacionamentos com o lugar, construindo um passado social no qual desenvolve técnicas, hábitos e costumes e a que Vidal de La Blanche denominou de “gênero de vida”. Os contatos com outros gêneros de vida seriam destacados como fatores de mudança da paisagem e fundamentais para o progresso humano.
Quanto à análise da paisagem, Vidal de La Blanche considerava as “formas visíveis, criadas pela sociedade em sua relação histórica e cumulativa com os diferentes meios naturais”. A “análise revelaria o resultado da ação humana na paisagem e não esta em si mesma” e para isso formulava o método empírico-dedutivo, a partir dos dados da observação direta de campo, a indução a partir da paisagem e a explicação dos elementos e processos visíveis. Esse estudo culminaria com uma “tipologia”, com a particularização, a comparação, classificação das áreas e os gêneros de vida, sistematizando os estudos e levando às análises regionais especializadas (Moraes: 1999).
Partindo dos conhecimentos de Vidal de La Blanche, surge o estudo de Maximiliam Sorre, sobre a visão ecológica na Geografia, no qual as condições do meio, o processo e as relações de humanização deste deveriam ser considerados na análise da paisagem.
O método de análise do objeto geográfico de Sorre partia da Cartografia com a sobreposição de dados colhidos na observação direta num mesmo espaço, levando em conta historicamente a formação de cada elemento, desde os naturais (solo, vegetação, etc) até os sociais, formando um quadro da situação atual, com o estudo do seu funcionamento e das inter-relações dos elementos presentes (Moraes: 1999; Serpa: 1999).
Com base nas teorias européias, a partir dos anos (19)30 a Geografia se desenvolve na América e diversos autores desenvolvem e aperfeiçoam seus estudos, mas Carl Sauer elabora um diferencial aproximado da Antropologia, com a formulação da Geografia Cultural.
Com o conceito vindo da Antropogeografia de Ratzel e da Geografia Humana de La Blanche, Sauer propôs a consideração “de dois tipos de paisagem: a natural e a cultural” (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998) que Santos (1997) apresenta como natural e artificial. Para Sauer, a proposta era o estudo das paisagens culturais, ou seja, “a análise das formas que a cultura de um povo cria, na organização de seu meio” (Moraes: 1999). A Geografia para ele se baseava na união dos elementos físicos e culturais da paisagem e seu conteúdo encontrava-se nas qualidades físicas e nas formas da paisagem, sendo elas naturais ou culturais.
Segundo Sauer, considera-se a existência de uma estrutura composta de elementos chamados de formas; da semelhança de formas nas diferentes estruturas consideradas homólogas e na disposição de elementos estruturais em série “estabelecendo um processo”. Seu método morfológico de síntese apóia-se nessas considerações. O estudo morfológico trata da “agregação e o ordenamento dos fenômenos como formas que estão integradas em estruturas e num estudo comparativo dos dados obtidos” (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998).
O pensamento da Geografia Tradicional “elaborou conceitos como território, ambiente, região, habitat, área, etc” conceitos esses hoje discutidos pela Geografia Crítica. A Geografia Crítica busca uma nova perspectiva dessa ciência, como as críticas de Lacoste, que intitulou uma de suas obras “A Geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra” (Lacoste: 1976) ou de Santos com o título da obra “Por uma Geografia nova” (Moraes: 1999). Yves Lacoste, Alan Lipietz, David Harvey e Milton Santos são expoentes dessa ciência trazendo novos conceitos, não totalmente desvinculados da Geografia Tradicional, mas contribuindo com a crítica aos aspectos econômicos da Geografia, em detrimento aos aspectos sociais.
Se a paisagem ainda é compreendida pelo senso comum como ligada às imagens campestres (campo, natureza, verde, mato), para a Geografia a paisagem é entendida como a materialidade do espaço, não sendo, entretanto, a mesma coisa que espaço. Segundo Santos (1997), “o espaço é a paisagem mais a sociedade que há nela”. A paisagem é uma das categorias de análise do espaço juntamente com a sociedade, a dinâmica social, a configuração territorial e o tempo.
Considerando a diferenciação dos lugares, Santos (1997) diz que a paisagem é mais do que a simples aparência “é um produto histórico”, um registro das ações ou não-ações humanas sobre um lugar. Não considera que a paisagem expresse assim um ponto geográfico, mas sim relações que lhe conferem uma individualidade, um caráter.
Assim para a Geografia, o estudo da paisagem tem caráter relacional. A paisagem é o resultado das relações da sociedade num dado momento, o que determina uma configuração territorial e que por sua vez, representa os arranjos sobre um lugar, num determinado tempo (Santos: 1997). Representando os arranjos que dão identidade a cada lugar, a paisagem então toma um sentido mais amplo, pois sendo um produto histórico, identifica o lugar e tem suas próprias características (estruturação morfológica diferenciada), mesmo contendo os mesmos elementos (partes) naturais e artificiais que outros lugares (Carlos: 1996; Santos: 1998).
A paisagem é multidisciplinar e seu enfoque varia dependendo do referencial e percepção do observador. A busca do conhecimento da paisagem refere-se à própria condição humana de criar e inventar e nessa paisagem, a natureza ensina o homem, desde o início da vida a plantar, a reconhecer os seus aspectos favoráveis e a dominar as técnicas para obter o seu sustento. A natureza fez o homem pensar e criar coisas que dela absorveu e transformou.
Se para a Geografia o conceito de paisagem sob o ponto de vista epistemológico é efetivo, para a Arquitetura e o Urbanismo ainda é um saber em construção. A modelação da paisagem como forma arquitetônica para as intervenções executadas pela mão do homem, sem o completo entendimento dessa paisagem e sem a compreensão de sua interação, ainda tem sido freqüente.
O que ocorre na prática é que, a relação da cidade com o sítio natural tem sido mais topológica que ecológica. E as intenções urbanas muito mais relacionadas com a viabilização da obra arquitetônica em si e em curto prazo, do que com os estudos mais aprofundados dentro da visão sistêmica da paisagem e seus ecossistemas, utilizando-se de forma imediatista da condição paisagística do local de sua implantação.
Com muita generosidade podemos dizer que uma boa parte dos arquitetos no Brasil atua levando em conta princípios da conservação integrada, mas uma outra boa parte nem sequer considera a questão da preservação ambiental, especialmente os que consideram a Arquitetura Paisagística uma disciplina menor. Em muitos projetos o discurso menciona essa questão, mas o desenho demonstra outras preocupações, que não as ecológicas, muito mais voltadas a iniciativa econômica e ao próprio ego de seus autores. Halbwaths (in Rossi: 1995) mostra que há uma relação entre as iniciativas de natureza econômica e o desenho da cidade, sobretudo, a preeminência do fato econômico da expropriação sobre o fato arquitetônico, e da forma.
Embora os primeiros dois aspectos (natureza econômica e o desenho da cidade) interessem para a compreensão da paisagem é a forma desta, o foco desta discussão, pois concordando com Zukin (2000), consideramos “a paisagem como o conceito-chave para compreendermos a transformação espacial”. Mais do que um conhecimento para avaliação da paisagem e base da intervenção do arquiteto na cidade, o estudo da paisagem para a Arquitetura e Urbanismo como para a Arquitetura Paisagística representa uma condição “sine qua non” dentro do princípio da conservação integrada, pois as operações na paisagem (conservação e transformação) são também desse domínio.
A paisagem não pode então estar restrita ao visível, tão pouco restrita a imagem de sua materialidade. A paisagem é antes de tudo impulso para a reflexão. Sua morfologia pode ser percebida por todos os sentidos, mas somente a apreciação de todos os seus elementos pode nos dar o conhecimento que permita uma reflexão.
Assim o conceito de paisagem representa a imagem da materialidade e também a própria materialidade do espaço, que é percebida pelo ser humano e que por ele é também transformada. A paisagem, compreendida como expressão da totalidade formada por elementos que interagem, implica uma condição essencial para a intervenção arquitetônica e urbanística. É preciso entendê-la como um sistema dinâmico, um processo, enfim, interações que incluem os seres humanos, os elementos naturais e os construídos.
 
PAISAGEM NATURAL
O conceito de paisagem natural suscita diversas interpretações. Alguns geógrafos e outros pesquisadores chegam a admitir que não existam mais na Terra paisagens naturais. O avanço das técnicas que o homem desenvolveu e a aplicação delas sobre a Terra representa para esses teóricos, uma condição diferente da que a paisagem original possuía antes delas. Degreas (1996) diz que “o homem através de seu conhecimento técnico já alcançou todos os espaços terrestres transformando ecossistemas de características naturais em paisagens artificiais, dando-lhe funções”.
Siegfried Passarge (in Gomes: 1997) entende a paisagem natural como uma composição mais que de formas e mosaicos, mas como interdependentes e relacionados à dinâmica de fatores como clima, solo, vegetação, orografia, geomorfologia e o mundo animal (os elementos naturais da paisagem).
Para outros teóricos como Sauer, a paisagem natural se diferencia pela estruturas que apresenta. Considera dois tipos de paisagem: a natural e a cultural. As formas contidas na natureza estruturam a paisagem natural e as formas que o homem produz estruturam a paisagem cultural, fazendo parte de um outro conjunto, diferente daquele que é a própria natureza.
Para Sauer, as formas da paisagem natural têm base geognóstica e climática. A base geognóstica, que é relacionada ao conhecimento da estrutura da parte sólida da terra traz, dos dados geológicos, os valores geográficos. Quanto à base climática, Sauer afirma que é o maior elo que liga as formas da paisagem, ou seja, que a “semelhança ou contraste entre as paisagens naturais” em geral “é primeiramente uma questão de clima”. Considerando esses dois fatores, “a relação com a paisagem é expressa em parte através da vegetação, que limita ou transforma as forças climáticas. Precisamos, portanto, reconhecer não somente a presença ou ausência de uma cobertura vegetal, mas também o tipo de cobertura que se interpõe entre as forças exógenas do clima e os materiais da superfície que atuam sobre os materiais que estão abaixo” (in Corrêa e Rosendahl: 1998).
As formas que compõem a paisagem natural, como o clima, a terra (superfície, solo, drenagem, recurso mineral), mar, litoral e vegetação se tornam conhecidas não por elas mesmas, “mas através da totalidade de suas formas”. Cada “paisagem sendo uma combinação definida de formas” (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998:49).
Essas combinações nos levam à questão ecológica, pois segundo Odum (1988), elas abrangem as comunidades, os ecossistemas e a biosfera. Assim, a biocenose (o conjunto de seres vivos) e o biótipo (o meio) interagem formando um ecossistema e a biosfera se constituindo na camada da Terra onde os ecossistemas atuam. Os ecossistemas apresentam dois componentes principais: os fatores abióticos (ambiente físico e químico) e os organismos bióticos (seres vivos).
Para Burle Marx (in Leenhardt: 1994:55), “na natureza, os reagrupamentos não acontecem por acaso, pois obedecem a um jogo complexo de compatibilidade entre o clima, o solo, a interação das plantas com os animais e das plantas entre elas”.
A paisagem natural apresenta formas distintas em si e combinações diversas relacionadas e condicionadas pelo clima, mas não transformadas pelo homem. Pode-se concluir que as paisagens naturais se diferenciam pelas combinações entre a relação água/terra, ou seja, pelas relações geofísicas e as condições existentes para a vida dos organismos bióticos (autotróficos e heterotróficos), que são os vegetais e os animais em um determinado lugar. Exemplificando, têm-se a paisagem marinha, a paisagem do deserto e a paisagem da floresta amazônica diferindo entre si, pois apresentam diferentes relações terra/ água, diferente flora e fauna e os diferentes climas.
Assim sendo, a paisagem natural é a expressão da materialidade resultante de ecossistemas naturais, que se por um lado são parte de um sistema aberto e dinâmico formado de elementos naturais num processo de interação e retro-alimentação (McHarg: 1969 e Spirn: 1995), de outro são os recursos naturais que a sociedade utiliza para a sua existência.
Observe-se que esse conceito também fundamenta a Lei 7804/89, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, na qual os recursos naturais são definidos como "a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”. E estão dispostos no meio ambiente como um sistema dinâmico e seu uso, segundo a Recomendação nº (95) (9 do Conselho da Europa), deve desenvolver-se de forma harmoniosa em relação ao ecossistema envolvido (Cury: 2000). Ainda nesse sentido, esses recursos são os elementos naturais que estão ao alcance do homem, mas seu uso deve ser conciliado com a sua capacidade de recuperação.
Sob o ponto de vista econômico para Wonnacott (1985), recursos naturais são aqueles que podem ser convertidos pela ação do homem em “insumos básicos utilizados na produção de bens e serviços”. Esses pesquisadores consideram que para que isso aconteça, na divisão tradicional dos fatores de produção, são insumos básicos: o recurso terra, o recurso trabalho, o recurso capital e recurso capital humano. O recurso terra representa os frutos da natureza; o trabalho representa os frutos do homem; o capital representa o fruto de bens e o investimento de quem pode esperar; e o capital humano representa os homens treinados, o fruto de quem pode esperar para produzir mais e melhor. Sob esses aspectos há que se considerar que a paisagem natural de ecossistemas chamados frágeis constitui o conjunto de paisagem em constante ameaça pelas dinâmicas sociais.
Resumindo, pode-se concluir que a composição da paisagem natural se dá sem a intervenção do homem e apresenta elementos morfológicos geofísicos identificados na relação água /terra e nos elementos fauno-florísticos representados pelos fatores bióticos, todos eles dependendo essencialmente do clima. A paisagem natural representa aquela em as formações morfológicas não se produzem pelo homem, embora estes os alterem. Possui formas e arranjos produzidos pela natureza.

PAISAGEM CULTURAL
A paisagem cultural produzida pelo homem é formada a partir da paisagem natural. Para Leite (1982), a paisagem “como manifestação da criatividade humana, apresenta uma essência dupla - é um fato físico, objetivo, categorizável, e é um arranjo definitivo, a configurar-se como uma realidade imóvel, e apresentar uma concepção estática” sendo que, para Sauer (in Corrêa e Rosendahl: 1998) “suas formas são todas as obras do homem que caracterizam a paisagem... A paisagem cultural é modelada a partir de uma paisagem natural por um grupo cultural”, sendo a cultura o agente, a área natural o meio e a paisagem cultural o resultado.
Mesmo que a humanidade pertença ao mundo biótico, “os homens têm uma autonomia maior que os outros organismos (Bobek e Schmithüsen in Corrêa e Rosendahl: 1998)”, sendo o que os difere de outras espécies a sua capacidade de inventar. Mesmo, entendendo a humanidade como parte do mundo biótico e “a natureza é como um continuum” (Spirn: 1995), onde todos os sistemas se comunicam, compreendendo uma totalidade (Frota: 1997), o homem, enquanto organismo biótico é parte integrante da paisagem natural não transformada, entretanto enquanto ser social integra a paisagem cultural.
Isto leva a compreender que a paisagem “é uma marca, porque exprime uma civilização, mas também é uma matriz, porque participa de sistemas de percepção, concepção e ação, ou seja, da cultura que canalizam em um certo sentido a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza” (Berque in Corrêa e Rosendahl: 1998).
Sendo, portanto um processo dinâmico, pois “a paisagem cultural substitui a paisagem natural e os artefatos tomam, sobre a superfície da terra, um lugar cada vez mais amplo” (Santos: 1997), e com a produção de um meio artificial, transformando a paisagem natural em cultural “com os restos da natureza primitiva crescentemente encobertas” por suas obras.
Se, no entanto, o que configura a paisagem cultural é a transformação da paisagem natural pela ação do homem, entende-se que essa transformação está também relacionada com o nível de intervenção aplicada sobre a paisagem natural, considerando que a intervenção humana modifica a forma do objeto.
Cosgrove (1998) explica isso muito bem quando descreve o seguinte: “o tomate, um objeto natural, é tirado do pé, é cortado e apresentado como alimento humano. O objeto tornou-se objeto cultural, foi-lhe atribuído um significado”. Embora esse objeto apresente as mesmas propriedades naturais, sua transformação (alteração da forma) apresenta agora um caráter cultural.
Estendendo esse exemplo, para a arquitetura paisagística (enquanto produção da paisagem cultural) quando na maioria das vezes se utiliza o elemento natural na composição de praças e jardins, entende-se que o arranjo produzido tem um significado cultural. Diferentemente do que ocorre, por exemplo, com uma paisagem natural do Alto Xingu. Considere-se que um de seus rios sofra contaminação (o que certamente não deveria acontecer). Dependendo do nível de contaminação sofrida, uma vez detectada poderá levar à recuperação do rio que continua a ser natural (o que inclui a variável ‘tempo’). Isto quer dizer que a transformação se verifica com a mudança da forma. Enquanto no exemplo do tomate ele tornou-se objeto cultural, no caso da praça ou jardim transforma-se em paisagem cultural. Já no exemplo do Alto Xingu, suas formas não foram alteradas e sua contaminação pode ser revertida, dependendo do grau de intervenção, permanecendo sua caracterização como paisagem natural.
O homem transforma a paisagem natural com base na sua percepção, grau de antropização e seus desígnios, com a qual identifica formas distintas que a compõe. A necessidade, a criatividade e a cognição dos homens conduzem os arranjos espaciais que compõem uma nova paisagem; uma paisagem construída, uma paisagem artificial sobre uma paisagem natural – ou como Sauer diz uma paisagem cultural (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998).
Para Sauer (Corrêa: 1998), a paisagem cultural também se transforma a partir da mudança de uma determinada cultura, apresentando um desenvolvimento, um “rejuvenescimento” ou mesmo uma sobreposição. “Uma nova paisagem se sobrepõe sobre o que sobrou da antiga... uma paisagem que é escrita sobre a outra, é um conjunto de objetos que tem idades diferentes, é uma herança de muitos diferentes momentos”. A esse conjunto herdado do passado como forma, espaço construído e paisagem, Santos (1997) denomina “rugosidades”, que podem se apresentar como formas isoladas ou como arranjos.
No sentido mais amplo, “a paisagem é um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificiais. É formada por frações de ambas, seja quanto ao tamanho, volume, cor, utilidade, ou por qualquer outro critério. A paisagem é sempre heterogênea” (Santos: 1997), mas no sentido restrito, atendendo ao enfoque deste trabalho, que é a análise morfológica da paisagem, as frações representam paisagens distintas.
Para Spirn (1995), a terra “Vista do espaço, é um mundo-jardim, um planeta de vida, uma esfera de verdes e azuis, envolta numa atmosfera úmida. À noite, as luzes das cidades brilham ao longe, formando constelações tão distintas e variadas como as do firmamento além. Os espaços negros que seus arcos abarcam não são, contudo, desprovidos de espaço, mas repletos de florestas e fazendas, campos e desertos”. Essa citação descreve um conjunto – um palimpsesto (Santos: 1997) que é a paisagem formada, porém por outras frações, outras unidades de paisagem - naturais e culturais.
As ações humanas, transformando a paisagem natural ou mesmo uma outra paisagem cultural pré-existente, se revelam em muitas formas. Podem se estruturar em paisagens distintas morfologicamente como, por exemplo, uma paisagem rural, uma paisagem industrial ou uma paisagem urbana. Todas representam, entretanto a paisagem cultural. Assim, a paisagem cultural encerra um produto histórico de uma sociedade em um determinado tempo e lugar.
No entendimento do que é a paisagem cultural, logo artificial porque construída pelo homem, comumente não se encontra uma grande dificuldade, quando esta se refere à paisagem cultural industrial ou urbana. Sua compreensão, no entanto, se torna muitas vezes comprometida quando essa paisagem é constituída por elementos naturais em arranjos artificiais formando, por exemplo, “áreas florestais, áreas de plantio ou de áreas verdes ou áreas inundadas”, como é o caso da paisagem rural, dos parques reflorestados ou das represas e lagoas .
Como a paisagem construída pode apresentar tanto edificações, quanto jardins ou culturas verificando-se que a maior dificuldade conceitual reside na diferenciação das paisagens relacionadas às que contêm arranjos artificiais com elementos naturais. Também no imaginário coletivo, segundo Yázigi (1999), essas áreas com grande presença do “verde” que sofreram intensas transformações topológicas, mas que receberam cobertura vegetal, muitas vezes de uma única espécie, são considerados pelo senso comum como paisagem natural e até como lugares de ar puro, livre de poluição (apesar de todo agrotóxico usado nelas). Mesmo que a paisagem produzida simule a natureza ou constitua-se em arranjos espaciais com elementos naturais, trata-se de uma paisagem construída, pois embora “verde”, constitui paisagem cultural, transformada pelo homem com resquícios de paisagem natural.
A diferenciação entre a paisagem natural e a paisagem cultural pode ser identificada ainda com um simples sobrevôo, ou mesmo, numa imagem de satélite. A título de exemplo, comparando-se algumas áreas agrícolas dos Estados do Maranhão e Pernambuco, podem-se perceber diferentes formas de paisagem cultural rural. Os campos no Maranhão têm desenho diferenciado, pois apresentam formas geométricas, enquanto muitas áreas sobre Pernambuco apresentam campos com formas orgânicas. As duas paisagens podem revelar vários aspectos culturais, como as práticas agrícolas, o tratamento da terra, a divisão dos lotes, os tipos de cultivo, etc... Por outro lado, as faixas ou resquícios de elementos naturais presentes no meio de uma plantação, ou mesmo de uma cidade, constituem paisagens naturais devido aos seus arranjos naturais que predominam.
Para Leenhardt (1994), as paisagens que contêm elementos naturais em arranjos legíveis e artificiais, como é o caso da Floresta da Tijuca no Rio de Janeiro (RJ), da Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) ou da Lagoa da Jansen em São Luís (MA), não representariam senão a paisagem cultural. Entende-se que são áreas que, devido à proximidade das cidades, sofrem influência direta das intervenções humanas e que sua forma pode ser alterada quantitativa e qualitativamente. Quantos e que tipos de intervenção antrópica podem representar sua extinção ou permitir sua recuperação se trata de uma outra questão, mais relacionada ao planejamento da paisagem.
O caráter cultural de uma paisagem refere-se então ao fato de que seus arranjos são produzidos pela ação antrópica, diferentes da própria natureza, ainda que, com possíveis intervenções indiretas do homem, se diferencie quanto aos arranjos de uma paisagem cultural (construída; artificial; naturalizada). Sua composição apresenta os elementos geofísicos, os elementos fauno-florísticos, a sociedade e todos os seus produtos, inclusive as alterações do clima, da relação terra/água e da fauna e flora. Em seu conceito mais amplo, a paisagem cultural abrange toda a natureza original e artificial (constituída pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora, a fauna), bem como os bens culturais correlatos (formado pelas edificações, equipamentos urbanos, comunitários, enfim, todos os assentamentos de reflexos urbanísticos e integrados pelo patrimônio: arqueológico, artístico, histórico, paisagístico e turístico).
O homem, como já dito anteriormente, enquanto organismo biótico integrante da paisagem natural não transformada é também parte integrante e indissociável da paisagem cultural como agente transformador, que intervém no meio em que vive e que constitui a sociedade, apresentando uma dinâmica social, o que caracteriza uma configuração territorial.
Resumindo, pode-se concluir que a paisagem cultural é uma paisagem construída pela mão humana, apresentando arranjo artificial ou mesmo simulacro da paisagem natural e, é construída a partir desta ou mesmo sobre outra cultural, formando uma nova paisagem.
Sua composição apresenta elementos morfológicos do ambiente natural, do ambiente artificial e da própria sociedade. Esses elementos combinados em arranjos legíveis que estruturam a paisagem cultural. 

ESTRUTURAÇÃO MORFOLÓGICA DA PAISAGEM ARQUITETÔNICA
Uma cidade se estrutura a partir de seus elementos, que lhe dão forma e arranjos. Rossi (1995) diz que ao “descrevermos uma cidade é a sua forma que descrevemos”. Assim essa descrição, em resumo, é a Arquitetura da cidade. E o que se percebe é a paisagem urbana formada também por outros elementos.
Para Cullen, a paisagem urbana “é um conceito que exprime a arte de tornar coerente e organizado, visualmente, o emaranhado de edifícios, ruas, e espaços que constituem o ambiente urbano”. Considerado um dos pioneiros no estudo sobre a percepção da paisagem, estudou a paisagem urbana em suas minúcias, utilizando o método de análise por identificação visual, considerando os pontos focais e as perspectivas nas paisagens de forma serial, realizando percursos e analisando-os visualmente. Em sua obra, Paisagem Urbana, se perguntando sobre esse conceito (paisagem urbana), Cullen formula a seguinte questão: “Se me fosse pedido para definir o conceito de paisagem urbana, diria que um edifício é Arquitetura, mas dois edifícios já seria paisagem urbana, porque a relação entre dois edifícios próximos é suficiente para libertar a arte da paisagem urbana” (Cullen: 1971). Também para Lamas (1990), a paisagem cultural é a paisagem urbana que as cidades expressam o que dá o sentido de conjunto formado por vários elementos, que se constituem elementos da paisagem urbana.
Como abordado anteriormente, os arranjos da paisagem urbana não estão dissociados das articulações sociais e culturais e variam de espaço para espaço, dependendo de como se relacionam e contendo uma lógica similar que os identificam como urbanas. Da mesma forma, as relações da paisagem urbana não se restringem somente a essas articulações nem tão tampouco ao ecossistema urbano criado. Sua influência atua sobre outros ecossistemas adjacentes.
Segundo Spirn (1995), as interações (intervenções) das atividades humanas sobre a paisagem natural “produzem um ecossistema muito diferente daquele existente anteriormente à cidade”. Num processo de importação de energia e de matérias primas, a produção humana cria “um lugar completamente diferente da natureza intocada, ainda que unida a esta, através de fluxos de processos naturais comuns”. Esses fatores afetam a vida intra e extra-urbana podendo provocar impactos sobre a vida das populações e no ambiente.
As transformações, a partir da paisagem natural, mesmo nas concentrações territoriais delimitadas fisicamente, não se caracterizam em transformações culturais isoladas, atuando também em outras áreas de influência (Spirn: 1995). Entretanto nessas transformações, os elementos estruturadores da paisagem podem revelar muitos fatores que levam a determinados arranjos espaciais e como os lugares assumem determinadas identidades. Para Pellegrino (2000), a “estrutura da paisagem é o padrão espacial ou o arranjo dos elementos paisagísticos”, cujo entendimento se realiza na paisagem.
Para Spirn (1995), “a paisagem dentro da cidade é variada, adaptada à atividade especifica e ao caráter especial dos diversos bairros”, reforçando que também a paisagem urbana é formada de outras unidades de paisagem. Essas unidades podem também representar, em alguns casos, a produção de simulacros geográficos e / ou históricos de paisagens ausentes, o que, segundo Del Rio (1996), está cada vez mais popular nas cidades. Para Zukin (2000), por exemplo, a paisagem pós-moderna se caracteriza por ser uma paisagem urbana arquetípica formulada de duas formas contrastantes: a partir do enobrecimento (gentrification) de cidades antigas ou da “estilização” de cidades mais novas (disneylandização), representando cultura e poder. Esse fenômeno se verifica em muitas cidades. Até mesmo as formas e arranjos utilizados em alguns espaços públicos são similares, como em Brasília (Barcellos: 2000) e em São Luís (Prado: 2002).
Essas paisagens urbanas apresentam arranjos que muitas vezes simulam a natureza ou mesmo espaços urbanos que não existem mais e é essa simulação que as caracteriza como cultural. Santos (1997) diz que, com a modernização contemporânea, todos os lugares se mundializam.
Segundo Zukin (2000), há três temas que regem a produção dessas paisagens: a memória histórica, a diversão como controle social e a cultura da natureza. O que denota na construção da paisagem urbana uma tendência, sendo esta, preocupante no que se refere à produção do arquiteto, demonstrando a necessidade de uma sistematização para a compreensão desse objeto, que é a paisagem urbana e com enfoque mais especifica, a dimensão da análise morfológica da paisagem arquitetônica.
Spirn (1995) diz que as cidades apresentam dois elementos na estruturação da paisagem urbana: os elementos diferenciados e os elementos comuns. Os elementos diferenciados são os que se relacionam com recursos naturais de cada sítio guardando suas características. Em muitas cidades, esses elementos são responsáveis pela forma da cidade, “como também de sua localização, seu crescimento histórico e a distribuição da população” (Spirn: 1995). Muitas das características apresentadas nos elementos construídos são devidas também a esses elementos diferenciados, como se pode perceber nas cores das paredes das casas vermelhas porque o barro do lugar tem essa cor, ou do pau de mangue utilizado na estruturação da casa, ou mesmo, dos telhados dessa casas, cujas coberturas feitas de palha extraída das palmeiras de babaçu (que são endêmicas), como é o caso das construções das moradias nas invasões de São Luís, e que se revelam diferentes de outros lugares.
Por outro lado os elementos comuns são os que explicam o caráter urbano das cidades, resultantes das necessidades humanas (segurança, abrigo, alimento, água transformada, energia, circulação, etc), que apresentam uma similaridade urbana entre todas as cidades – edifícios, espaços públicos, ruas, etc.
Calvino (1990) demonstra claramente essa similaridade: os mesmos elementos com novos arranjos. Nas descrições que faz a Kublai Khan sobre as cidades por onde andou Marco Pólo descreve-as trocando apenas os elementos comuns que compunham as paisagens descritas, levando Kublai Khan a reconstruí-las na imaginação com outros arranjos: “desmontando a cidade pedaço por pedaço, ele a reconstruía de outra maneira, substituindo ingredientes, deslocando-os, invertendo-os”. Esses elementos paisagísticos, diferenciados e comuns, que formam os arranjos da paisagem urbana, não estão dissociados das articulações sociais e culturais e variam de espaço para espaço, dependendo de como se relacionam, contendo uma lógica similar que as identificam como urbanas. Sendo a paisagem arquitetônica a articulação entre os elementos diferenciados e os comuns, avança-se numa síntese de como essas partes se constituem, de forma mais amiúde.
Assim considera-se um esquema para identificar os diversos elementos que compõem a paisagem arquitetônica buscando-se categorias de análise da sua morfologia. Com base no conjunto dos elementos estruturadores da paisagem urbana - diferenciados e comuns – distinguem-se quatro tipos de elementos morfológicos: os geofísicos e os fauno-florísticos como os elementos diferenciados e os construídos e a sociedade como os elementos comuns.
i) os elementos geofísicos que são elementos que condicionam fisicamente o tecido urbano e representam os recursos potenciais de uma localidade como solo, água e atmosfera, que se combinam formando o mangue, a praia, a duna, a falésia, o rio, o lago, a montanha, o vale, etc, dando o suporte aos seres vivos;
ii) os elementos fauno-florísticos que são os elementos animais e vegetais presentes no elemento geofísico, endêmicos ou incorporados ao tecido urbano;
iii) os elementos construídos que são os elementos arquitetônicos e urbanísticos inseridos no elemento geofísico que compõem o espaço urbano, geralmente sobrepondo-se aos elementos fauno-florísticos naturais da localidade, como é o caso dos equipamentos urbanos, as vias e circulações, as construções e outros artefatos. (Jacobs e Gould: 1982; Spirn: 1995; Santos: 1997; Kohlsdorf: 1996). Alguns tipos de parques, praças e jardins e a arborização urbana são arranjos artificiais compostos de elementos fauno-florísticos naturais endêmicos ou exóticos;
iv) a sociedade como elemento que representa todo agrupamento humano e sua ação antrópica, toda ação/imaginação humana (Holanda: 1985), todos os cidadãos como agentes geológicos (Spirn: 1995). A sociedade aqui configurada como elemento estruturador da paisagem tem o mais importante papel na construção da paisagem arquitetônica (Fig.1.2).
Em suma, os elementos estruturadores da paisagem arquitetônica se articulam e se apresentam inter-relacionados, via-de-regra, com dominância dos elementos construídos produzidos pela sociedade, sobre os elementos geofísicos e fauno-florísticos.
Salienta-se aqui que a sistematização acima visa somente apresentar-se como uma ferramenta de análise para as intervenções na paisagem arquitetônica. Passível de aplicação na práxis projetual, não se configurando ai, nenhuma interpretação de qualquer tipo de hierarquia ou importância diferenciada para qualquer dos elementos estruturadores, uma vez que a idéia predominante para nós é da natureza como um continuum, se incluindo, a natureza do próprio homem e das formas que produz.
Como exemplo dessa aplicação, pode-se comparar a elaboração de um desenho de uma casa, que é um objeto composto de várias partes. A realizar-se uma separação conforme etapas ou camadas (layers) específicas, (que poderiam ser folhas de papel transparente ou mesmo uma plataforma de computação gráfica em arquitetura), ter-se-ia uma camada para as fundações, uma camada para as alvenarias ou uma camada para o telhado. Em cada uma das camadas específicas seriam detalhados os elementos da análise.
Seguindo essa mesma lógica e adotando-se um ordenamento das variáveis, a paisagem (totalidade unívoca) poderia ser analisada também em camadas (layers - dos elementos geofísicos, dos elementos fauno-florísticos, da sociedade e dos elementos construídos ou a construir) configuradas pelos elementos constituintes da paisagem arquitetônica. Esse ordenamento, apenas para a operacionalização da prática projetual, é a aplicação teórica da metodologia de análise.
Essa operação pode permitir uma sistematização mais abrangente para o estudo arquitetônico e urbanístico, no qual se pode identificar as qualidades ou restrições geofísicas do sítio e do entorno; a identificação dos elementos fauno-florísticos endêmicos ou passíveis de comprometimento; as ocupações existentes do agrupamento humano e suas orientações culturais, sociais e econômicas entre outras; e o elemento construído (ou a construir) e suas relações com todos os demais elementos. Essa proposição pode ampliar de forma sistematizada a análise, principalmente nos estudos preliminares, direcionando as considerações que envolvem o projeto, não só do objeto a construir, mas da paisagem onde se insere.

CONCLUSÃO
Para o campo da Arquitetura Paisagística, o conceito de paisagem, enquanto materialidade do espaço percebida como um produto histórico de transformações naturais e culturais contribui para o conhecimento dos lugares e das comunidades que nelas vivem.
Com uma diversidade tão grande quanto o ecossistema urbano (com elementos diferenciados e comuns interagindo), é o aspecto cognitivo que envolve o entendimento da paisagem, que por sua vez depende do referencial e da percepção do observador. Como diz Santos (1997), a “dimensão da paisagem é a dimensão da percepção”, entretanto a “percepção não é ainda conhecimento”, torna-se conhecimento “a partir da interpretação cuidadosamente seletiva, considerando mais que a aparência das coisas, os fatores da realidade”... e as “coisas que um arquiteto, um artista vêem, outros não podem ver ou o fazem de maneira distinta”.
Entender a paisagem para perceber as transformações, requer o conhecimento desse processo, de um lado, para que se otimize recursos que são necessários a vida do homem, enquanto sociedade, e por outro, em indicar como se deve atuar na paisagem, tanto natural (visando que não se esgote), quanto cultural (que se qualifique o espaço urbano a todas as suas comunidades bióticas).
A presença de uma tensão constante entre as relações antrópicas e a natureza, quanto a transformação, nos move a buscar respostas que possam indicar formas de interferência mínima para a construção de uma paisagem arquitetônica de cidade integrada a paisagem natural como também a cultural. Ainda que essa integração pareça para muitos uma idéia utópica, acredita-se que pode haver transformação, respeitando a identidade das comunidades bióticas e construindo as cidades atreladas a esse princípio básico.
A utilização sistematizada das categorias de análise em desenvolvimento de projetos, segundo os quatro elementos da paisagem, geofísicos, fauno-florísticos, sociedade e construídos ou a construir (apresentados neste trabalho Fig.1.2), podem refletir positivamente na prática projetual. É uma aplicação teórica na prática do projeto, que reduz os riscos de se omitir aspectos fundamentais de uma análise ou do próprio planejamento, contribuindo assim para a formação um retrato global interpretativo e crítico.
Essa sistemática foi aplicada na pesquisa Formas e Arranjos da Paisagem em Transformação, desenvolvida em São Luís do Maranhão, o que permitiu a obtenção de resultados importantes, tais como: identificação da reprodução da ocupação do solo (desde o século XVII até 2002 as tipologias construtivas diferenciadas mantêm a forma de ocupação sem preocupação ecossistêmica); produção de paisagem de simulação; produção de paisagem como capital; e os movimentos da ocupação, ora do manguezal ora da orla, entre outros resultados. Também vem se aplicando essa sistemática na disciplina Paisagismo II do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão, na prática de projetos de macro-paisagimo e planejamento da paisagem, desde o 2º semestre de 2002, apresentando uma tendência de maior interação entre o projeto em si e o trato do meio inserido constatados no desenvolvimento das atividades da disciplina e nos Trabalhos Finais de Graduação.
O que se conclui é que a identificação dos elementos que estruturam a paisagem arquitetônica contribui, neste estudo, para uma compreensão da paisagem e dos processos de sua transformação, que se configura em uma nova paisagem, especialmente em áreas cujos ecossistemas frágeis que ainda não foram totalmente alterados.


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