segunda-feira, dezembro 21, 2015

Vamos treinar desenho de Arquitetura.
Preste atenção especial na representação da arborização. Linda Técnica!


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quarta-feira, janeiro 30, 2013

Zonação do Manguezal: Parque Linear do Fumacê

Por Barbara I W Prado


O estudo do conceito de estruturas consolidadas sejam elas vias, loteamentos aprovados, prédios construídos ou situações urbanas especiais têm sido alvo de meu interesse como professora pesquisadora. Tais estruturas, ditas consolidadas, somente o são, no meu entender, até o ponto em que não ofereçam riscos ambientais, ecológicos, econômicos ou culturais para a população. Elas são consolidadas, certamente, pelos diversos interesses de uma sociedade ou de grupo social, conforme o caso. Porém o termo "estruturas consolidadas" tem sido usado quase como uma desculpa, para não se mexer em alguma irregularidade perpetuada ou em algo lucrativo para alguns.

Muitos exemplos podem ser citados, porém aqui se referem aos da estrutura da natureza as quais foram deterioradas pela cultura urbana das nossas cidades e que pode ser transformadas bastando, para isso, uma boa dose de estimulo, bem como, cuidados especiais com a questão da limpeza. Nesta situação urbana especial, incluo hoje o Córrego Fumacê, assim como sua poluição e o descaso com que foi sua ocupação foi gerida.

Fig. Manguezal sendo limpo

O Córrego Fumacê está localizado no bairro do Anjo da Guarda e é um tributário do Rio Bacanga, um dos doze rios, de até 6º grandeza, da Ilha de São Luís do Maranhão. É um córrego que divide parte do bairro e que sofre com as mazelas da falta de zelo, tanto por parte da população, que constrói em áreas inadequadas e que joga lixo no curso do córrego, quanto por parte do poder público que não atua com a responsabilidade ambiental que tem.

Com alagamentos nas casa e com despejo de esgoto "in natura" no córrego é impossível pensar em qualquer ação de cidadania sem passar antes pela limpeza e pela preocupação e consciência de todos com relação aos cuidados com a limpeza e manutenção desse córrego. Não aquela empreendida pelos higienistas do século 19, porém, que diz respeito ao ambiente natural e ao construído e, principalmente, ao cidadão no seu cotidiano.
O Córrego Fumacê, pode ser tomado aqui como modelo para estudo. Considera-se que a partir da limpeza e da manutenção continua dessa limpeza, ele poderá transforma-se num belo parque linear, envolvendo o trabalho e o apoio da população. A criação de parque linear pode partir, por exemplo, da reaplicação da vegetação no local. 
O córrego, hoje poluído, já foi um igarapé saudável com uma vegetação típica de manguezal (mesmo que possa ter sido há muito tempo, já que a história da poluição de São Luís não é nada nova). Técnicos e gestores sabem que as margens dos rios servem para dar vazão às águas provenientes das chuvas. Estudos mais recentes demonstram que nas margens acontece a ciclagem do rio, processo importante onde os nutrientes, do material orgânico levado pela água, se depositam, aumentando a fertilidade, a umidade e proporcionando diversidade vegetal e animal. Boa parte da flora e fauna se situa ao longo das margens vegetadas dos cursos d'água, logo, não devem ser ocupadas por habitações e construções que destruam as margens ou que obstruam a passagem das águas. Apesar de toda margem de rio ser protegida pela legislação ambiental, e em geral se constituir numa Área de Proteção Permanente - APP, nada impede que tais margens, durante o período das secas, sirvam para o lazer e atividades econômicas e ecológicas que não agridam sua flora ou fauna.

Com base na recente aprovação da Lei Federal 12.651/2012, o chamado Código Florestal poderia estimular a formação de um parque linear nesta APP e o replantio de espécies vegetais endêmicas, de nativas e de exóticas não invasoras poderia por em prática o cumprimento de uma lei esquecida. Afinal a lei 12.651/2012 nada mais a nova roupagem da lei que existe desde 1965, Lei 4771/65, que por sinal, em poucas exceções foi cumprida. A nova lei florestal, mesmo com seus erros, "errinhos e errões", como os aponta Sandra Cureau, deve ser cumprida finalmente. Em São Luis o seu descumprimento é um despropósito. Basta comparar-se o que deveria ser protegido e preservado no sistema manguezal e no sistema de rios e nascentes na Bacia do Rio Anil (outro importante rio da Ilha de São Luís) e como se encontram atualmente esses sistemas. Muitas nascentes e igapós foram ignorados, assim como a própria delimitação da Bacia não tem levado em conta as contribuições do Igarapé da Jansen, em quase todo o material cartográfico pesquisado. 

Fig. Plano Participativo da Paisagem da Bacia do Rio Anil, Zoneamento de 1996 
Fonte: Estudos da Disciplina Planejamento da Paisagem, CAU-UEMA, 2012

Muitos rios sequer foram considerados, sendo aterrados ou ocupados. Os estudos do Plano Participativo da Bacia do Anil, que estamos realizando, apontam que estas áreas sofreram fortes pressões da urbanização, tanto pela ocupação espontânea (invasões ou auto-organizações), como pela ocupação planejada (legal).

Fig. Plano Participativo da Paisagem da Bacia do Rio Anil- Simulação Código Florestal
Fonte: Estudos da Disciplina Planejamento da Paisagem, CAU-UEMA, 2012 
Estas áreas não deveriam ser ocupadas por construções, mas poderiam ser ultrapassadas por elevados, pontes e instalações de baixíssimo impacto. Usos adequados para tais áreas seriam a recreação, o extrativismo controlado e o plantio de baixo impacto, consorciando exóticas-não-invasoras e nativas. Todas estas atividades poderiam ocorrer conjuntamente ao longo das faixas de proteção.

Um parque linear não só deve incluir todas estas atividades, como pode formar corredores ecológicos e áreas de drenagem pluvial e controle de assoreamento da bacia, a qual pertence o Córrego Fumacê.

Nada disso que apresento é novo. Os parques lineares, os corredores ecológicos, os estudos de adaptação econômica e ecológica fazem parte de ideias difundidas desde o século 19, por Frederick Law Ostead ( o mesmo arquiteto paisagista que criou o Central Park, no meio da Ilha de Manhattan), ou por Ian Mac Harg nos anos 60, ou ainda Anne Spirn nos anos 90. E, mais recentemente, por todos os arquitetos paisagistas com formação acadêmica voltada à ecologia da paisagem.

O Córrego Fumacê pode ser devolvido à sua função ecológica e colaborar para o desenvolvimento das comunidades próximas (porém fora do recuo que o leito do córrego pede para funcionar). O parque linear do Fumacê pode começar com o replantio orientado de espécies de mangue que precisa respeitar as melhores situações da relação solo/água.

Fig. Manguezal
Fonte: jornal virtual

Limites do manguezal que não se restringem a floresta de mangue ou a lama, mas ao conjunto ecossistêmico destes. Com as faixas de mangue vermelho, preto e branco indo do terreno inundado ao seco e arenoso, respectivamente. Replantar a Rhizophora mangle (mangue vermelho) nos terrenos lamosos inundáveis, a Avicennia germinans ou Avicennia shaueriana (mangue preto) na faixa entre a terra firme e a água e a Laguncuria racemosa (mangue branco) no bordo da terra firme, onde os animais mais comuns do ecossistema manguezal podem voltar a frequentar, como os caranguejos (conforme ensinaram nossos biólogos). Também podem ainda ser replantadas as complementares do manguezal como: o bredo-do-mangue (Sesuvium portulacastrum), o cipó- de- mangue (Rhabidadenia biflora), junquinho (Eleocharis geniculalata), samambaia-açú (Acrostichim aureum).

Fig. Rascunhos para o parque.
Fonte: Barbara I W Prado,013 

Poderiam fazer parte do parque paisagístico frutíferas e espécies de origem secundária e de Igapó, respeitando a relação solo/água mais favorável para seu desenvolvimento, tais como: angelim (oferece boa sombra), anhinga (terreno lamoso), arçaranduba, ariri, babaçu (terreno seco), bananeira (imprópria em barrancos ou perto deles), bacaba, bacuri, buriti-ingá, a chanana (por ser tóxica deve ser plantada em local sem acesso), goiabeira, guanandi, imbaúba, juçara, jurubeba, piqui, taja, tucum, etc,
A orientação do replantio pode e deve prescindir do apoio das universidades locais, especificas como dos Departamento de Arquitetura e de Agronomia da UEMA e de Ciências do Mar e de Economia da UFMA, entre outros ligados à recuperação do ecossistema manguezal e da economia local.

  1. mangue vermelho (Rhizophora mangle, Linnaeus) vive na lama e cresce até 15 metros.
  2. mangue siriba (Avicennia schaueriana e A. germinans) vive em solo firme de áreas inundáveis e de salinidade alta, crescendo até 15 metros.
  3. mangue branco (Lagunculária racemosa, Gaeth) vive em solo firme e cresce até 12 metros, sendo um dos alimentos dos caranguejos.
  4. mangue botão (Conocarpus erecta) que vive nas dunas próximas ao mangue.
Fig. Limites do Manguezal e sua Zonação.
Fonte: Desenho de Barbara I W Prado, 2013 

Concluindo é preciso salientar que a zonação do mangue representa as territorialidades vegetais e faunísticas conforme solo, umidade e inundação. Portanto no ecossistema de manguezal inclui-se toda a vegetação, fauna, lama, águas, vidas. Isto significa, em nosso entender, que no mapeamento do manguezal não se pode representar apenas a floresta de mangue, como foi verificado nos mapeamentos oficiais do município, como "Plano da Paisagem de São Luís" e o "São Luís uma leitura da cidade", mas em toda a área que perfaz o conjunto sistêmico do manguezal. 
Da mesma forma, compreender o que um manguezal e o mangue distintamente permite nortear a tomada de decisão para os projetos de urbanismo e de conservação ambiental.

Profa. Dra. Barbara Irene Wasinski Prado
Revisão Geral: Profa. Dra. Sônia Acosta Martins em 24/02/2013

Quer citar este blog? 
PRADO, Barbara Irene Wasinski. Zonação do Manguezal: Parque Linear do Fumacê. Blog Paisagens. Disponível em: http://basiaprado.blogspot.com.br/2013/01/o-parque-linear-do-fumace.html   Acessado em: ( aí você aplica a data em que leu o blog)



terça-feira, janeiro 01, 2013

Algumas razões da falta de urbanidade em São Luís

Por Barbara Prado
O texto foi escrito originalmente em 1 de fevereiro de 2011 e revisado em seu segundo aniversário!

Gosto muito do David Harvey, que é um geógrafo importante na discussão contemporânea da cultura urbana. Ele aponta que a fome especuladora é propriamente uma prática de um modelo econômico que constrói não importando onde, e ainda sem pretender uma construção compatível com a cultura ou com o ambiente onde se implanta. Quer conhecer a paisagem de uma cidade, leia suas leis.

A urbanização de São Luís do Maranhão parece bem se enquadrar nesta "fome especuladora", sem noção da cultura e do ambiente local. O mercado vai construindo imóveis, alias com total alienação do que é técnico e ambientalmente razoável,  formando uma cidade que mais se parece com um depósito de mercadorias de morar. E mercadorias tais, que muitas vezes nem sequer são habitáveis. O que podemos notar ao longo de décadas é que, lamentavelmente, a gestão pública do município de São Luís tem sido relegada à especulação imobiliária e aos interesses dos especuladores. Muitos destes depósitos de morar se aglomeram numa modalidade urbana bastante difundida que são os condomínios horizontais.

Em 2005, o então prefeito de São Luís, por força do movimento especulador, decretou a Lei de Condomínios por Unidades Autônomas de Casas. Em minha interpretação, essa foi uma ação abusiva e equivocada do gestor público, em pelo menos dois aspectos: o primeiro porque, mesmo sendo do Município o direito e o dever de regular o território, não há porque exorbitar e ainda ofender os preceitos da Constituição Federal, do Código Civil, da Lei dos Condomínios e das leis ambientais brasileiras, como constatou-se. A lei municipal dos Condomínios apresentou ainda ignorância de uma norma técnica, como a NBR 9050/2004, que trata de acessibilidade. (Sobre a Lei de Condomínios por Unidades Autônomas ofender os preceitos da Constituição Federal, do Código Civil, da Lei dos Condomínios e das leis ambientais brasileiras e NBR 9050/2004, leia nota com este título no blog).
Quanto ao texto da Lei de Condomínios por Unidades Autônomas de Casas, cabe observar que o texto procura inventar novos conceitos para os termos gleba e lote e com isso passa a admitir parcelamentos "imparceláveis". Inventa também o termo "testadas de condomínio", uma vez que testada, que se refere ao lote conforme a Lei Delegada Nº 33/1976, não se aplica a esta nova modalidade. O texto apresenta um adaptação confusa de condomínio de edificações para condomínio de lotes. Com isso inventa uma variacao que não é mais gleba e também não é mais o lote.

Em 2006, novamente os aspectos especulativos foram liberados na revisão do plano diretor de 92 e do maquiado de 1996. Ao invés de reformularem os aspectos lamentáveis, que hoje ainda mantém a cidade em condição de urbanidade péssima, os perpetuaram e os asseveraram. Agora os prédios podem ficar mais altos, podem ter áreas maiores impermeabilizadas e, é claro, continuar com as tais "garagens tipo" não  computadas no ATME.

A ATME - área total máxima edificada é em São Luís invariavelmente “confundida erroneamente” com Gabarito (altura da edificação) já há muito tempo. E sorrateiramente aumentar a capacidade construtiva do terreno. Mesmo que essa confusão propositada já contrariasse os preceito da lei de 1992, de 1996 e ainda da atual, hoje ela vigor e ainda atropela a própria Lei Orgânica do Município, que prega melhor qualidade de vida ao seus cidadãos e proteção do ambiente.
Observe-se que precisamos ficar atentos, pois esta lei - Lei Orgânica do Município - que é o coração e a alma de um município está para ser alterada em breve.

Quanto a "confusão" mencionada a pouco, eu explico como ela acontece: um prédio, por exemplo, pode ter um pavimento tipo, cuja projeção é 100 m2. Se esse prédio tiver 10 andares chegaria a 1000 m2 e a uma altura por volta de 30 metros. Mas com os tais pavimentos-garagem excluídos da conta, podem fazer chegar o prédio a 15 andares e todo o térreo e subsolo pode ser impermeabilizado. Basta enfeitar com uns jardins sobre laje, para quem não é da área do paisagismo, é uma ação cosmética para "amenizar emocionalmente" a impermeabilidade dos solos. Particularmente, considero mais eficientes os jardins sobre lajes nas coberturas dos edifícios e não nos térreos.

Quanto à acessibilidade e condições sanitárias da cidade, por exemplo, podem ser lidas na lei municipal. Ou seja, podemos observar a paisagem desenhada e concebida na lei municipal. Uma paisagem de ruas e calçadas inacessíveis e uma grande população usufruindo de uma cidade com péssimas condições de salubridade. E enquanto nossos cidadãos não relacionam tais fatos e situações às leis municipais (tais como a lei do plano diretor ou a lei de usos e ocupação dos solos), não se  dá conta e não se mobiliza reivindicando o ajuste das leis.

Não conseguir caminhar pelas calçadasde São Luí, por exemplo, ou sentir a falta de sombra de árvores nas ruas para proteger-nos do sol, ou conviver com a presença do esgoto escorrendo pelo meio da rua são situacoes do dia-a-dia. E como podem estar relacionados com a lei tais fatos e situações?

Muitos cidadãos até acreditam que sua situação cidadã inefetiva se dá por falta de leis. Outros por falta de fiscalização das leis que já existem. Mas não é assim que entendemos que acontece. A falta da cidadania nas formas urbanas de São Luís, está decretada pela própria lei. Consideremos o artigo 180 da Lei de Uso e Ocupação dos Solos de São Luís, Lei 3.253, de 29 de Dezembro de 1992. O teor deste  artigo é tão cruel que, conceitualmente define calçamento como obrigação do empreendedor. Não é a construção de calçadas e passeios, mas calçamento da via e meio-fio, que é estrutura de uma pavimentação de via. Pior ainda, o artigo 180 define paisagismo obrigatório apenas para aprovação de assentamentos com mais de 2000 unidades habitacionais. E o esgotamento sanitário, este nem sequer é uma obrigação. O resumo do Art. 180 fica assim;    

para 100 unidades o empreendedor deve prover: Habitação, Arruamento, Calçamento, Meio-fio, Infra-estrutura coletiva de drenagem / água / luz;  
para 400 unidades deve prover: Habitação, Arruamento, Calçamento, Meio-fio, Infra-estrutura coletiva de drenagem / água / luz, Equipamento de lazer e recreação/ Saúde e/ou educação;  
para 2000 unidades deve prover: Habitação, Arruamento, Calçamento, Meio-fio, Infra-estrutura coletiva de drenagem / água / luz, Equipamento de lazer e recreação/ Saúde e educação, Paisagismo e; finalmente
para mais de 2000 unidades deve prover:, Habitação, Arruamento, Calçamento, Meio-fio, Infra-estrutura coletiva de drenagem / água / luz, Equipamento de lazer e recreação/ Saúde e educação/ cultura/transporte, Equipamentos institucionais, e Paisagismo.

Com essas facilidades legais, a maioria dos projetos é aprovada em pequenas parcelas, menores que 100 e 200 unidades. Com esta exposição, podemos entender claramente que paisagem urbana está concebida e implícita na lei. Uma lei que admite que haja sob nossos pés esgoto correndo, que admite legalmente que tenhamos andar pelo meio da rua, pois nos faltam calçadas e passeios, ou as que temos são vergonhosamente inacessíveis. E as árvores, ah... essas então são quaisquer que o incauto morador queira colocar na rua, mesmo não sendo a árvore tecnicamente adequada.

Na revisão do Plano Diretor de 2006, o que foi trazida de fato foi a continuidade do desprezo à cidadania dos habitantes de São Luís, e o desprezo ou ignorância de uma cultura do ambiente insular (trato desta cultura em outros textos).

Recomendo aos meus leitores que procurem ler com muita atenção a lei revisada e as outras criadas (ou inventadas) mais recentemente, para observar se não foram liberadas outras “artes harveyanas” inversas aos interesses dos habitantes de São Luís. E principalmente se ainda continuam perpetuando aquelas que asseguram à falta de urbanidade de nossos cidadãos.



Calçada de Avenida: Não se pode caminhar!

Calçada de Rua: não existe!

Cadê a rua?

Cadê a cidade?




sexta-feira, dezembro 28, 2012

Aprendizagem e o Layout da Sala de Aula Tradicional

Por Barbara Prado

Este texto pretende chamar a atenção para a importância da arquitetura da sala de aula e o processo de ensino e aprendizagem. O desenho da sala de aula que identificamos aqui como tradicional foi concebida (ao longo do tempo) conforme um modelo didático de transmissão cultural e controle social.




Foto: Denis Ferreira Netto/Estadão-utilizada aqui pedagógicamente

Descrição do layout da sala de aula tradicional.
Fileiras sucessivas, quadro a frente, professor/a circulando entre o bloco de carteiras e o quadro de giz. Iluminação natural predominante à direita, privilegiando a escrita destra.
Cada carteira é o microcosmos do aluno, que atua passivamente no processo da transmissão cultural. A posição de várias cadeiras voltadas para um quadro e uma mesa de professor, essa às vezes sobre um tablado elevado.
A cultura é dada no sentido - mídias - alunos, sendo o professor a mídia principal.
A porta de entrada da sala em geral fica na lateral em frente ao setor do professor/o, que tem como função o controle do ingresso.
A visão através das janelas é situada acima da altura da cabeça dos estudantes sentados, para controle de atenção. Sob tais condições arquitetônicas e ergonômicas, esperava-se que o aluno tivesse bons resultados cognitivos e uma aprendizagem eficiente e criativa.
A sala de aula tradicional ainda é muito utilizada para o ensino em massa.

Concebida por muitos arquitetos, essas salas, acabam por valorizar a autoridade e não o indivíduo, já que nos incentivam a ouvir e obedecer, ao invés de estimular a capacidade de raciocínio, de questionamento, de convívio, de liderança, e a capacidade de trabalhar em grupos, capacidades estas indispensáveis para que o aluno no futuro tenha sucesso no mercado de trabalho (MIRANDA, 2009).

Considerando-se os diversos métodos de ensino/aprendizagem, podemos concluir que o projeto da sala de aula está diretamente relacionado a tal metodologia.


Comparando alguns métodos da figura acima, nota-se que a sala tem tudo a ver com o método de ensino/aprendizagem esperado e que um mesmo layout pode não atender a todos os métodos.

Quer citar este blog? 


PRADO, Barbara Irene Wasinski. Aprendizagem e o Layout da Sala de Aula Tradicional. Blog Paisagens. Disponível em: http://basiaprado.blogspot.com.br/2012/12/   Acessado em: ( aí você aplica a data em que leu o blog)

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Estou em novo endereço!!!!!!!!

Queridos amigos,
Estou em novo endereço.
Agora postando no www.barbarairene.com.br

Espero vocês lá.
Abraços

Barbara Irene Prado

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Vale Beijing rachado.

Publicado em 05/12/11 03:53 horas.
O maior navio do mundo pode estar afundando no Maranhão. Encomendado pela Vale do Rio Doce de empresa asiática, o navio começou a sangrar. Após 12 dias do problema com o navio, ainda não sabemos se na Ilha de São Luís, estamos em perigo iminente ou não. Haverá vazamento de óleo  Que impactos causará ao ambiente marinho e á ilha? Assistimos ao descaso para conosco, ou será que isso tem apenas  haver com o controle das ações na bolsa de valores?
http://www.youtube.com/watch?v=EGrXhKDhcn4

quinta-feira, novembro 24, 2011

Impactos Ambientais dos Residúos da siderúrgica em Bacabeira: Caso MARGUSA ou GERDAU, qual seja!

Lendo  a respeito de alguns resultados da investigação sobre os impactos ambientais dos resíduos da Margusa, conforme estudo de Lívia Cândice Ribeiro SILVA e José de Ribamar Carvalho SANTOS, sob orientação de Zulimar Márita RODRIGUES da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, observamos que o estudo aponta que são estimados Impactos Ambientais sobre o meio biótico, em especial sobre a Flora e Fauna nas cercanias da usina de produção de ferrogusa em Bacabeira no Maranhão. 

O estudo aponta que: 
"Os componentes ambientais podem sofrer os impactos diretamente através de uma ação, ou de forma indireta, após uma ação sobre outro componente ambiental (efeito acumulado)". 

Assim, tanto a flora quanto a fauna do perímetro da Siderúrgica podem sofrer interferências decorrentes não só dos resíduos de forma direta, como também dos efeitos destes em outros componentes como a água e solo. Tal impacto poderá gerar sobre o meio biótico da flora a diminuição da biodiversidade das espécies e alteração na dinâmica de regeneração, conforme Silva e Santos destacam(2010). Em se tratando da fauna, os impactos poderão ser relacionados à redução de suas fontes de alimentos, gerando uma modificação na cadeia alimentar, destruindo abrigos e nichos ecológicos, deslocando a fauna terrestre e dispersando espécies potencias além de vetores de doenças. 
O prognóstico é uma aleta:
"Avaliação do Impacto: direto, negativo, permanente, imediato, certeza de ocorrência e local."
Esse estudo nos sinaliza que os efeitos da instalação da Margusa necessitam de intenso controle, asim como a expansão urbana de Bacabeira, sejam quanto a proteção e conservação do meio biótico já apontados, mas especialmente no meio social já que as populações de entorno são igualmente atingidas, à medida em que, se concentrarem em volta da siderúrgica.
A noção de que é possível alcançar o desenvovlimento a qualquer custo é hoje anacrônica e inadmissível, e por isso precisamos de ações no sentido de não só mitigar os efeitos no meio local, mas buscar segurança urbanística na expansão da cidade. 

PS1: Se você que leu essa postagem tem alguma indicação ou estudo sobre o tema, sugira nos comentários para que possamos construir maior entendimento desse processo indústrial e a expansão urbana.
PS2: O link original não pode mais ser localizado, pois por algum motivo que ainda não apurei saiu da web, mas ainda podemos observar no link  que contém o texto integral. 
http://www.rosarionoticias.net/2007/10/impactos-da-gerdau-antiga-margusa-na.html.


quarta-feira, setembro 28, 2011

Porque os Brasileiros ainda não consomem BOA ARQUITETURA?



Lendo dia desse o ex-presidente da UIA, Gaetan Siew, comecei a pensar sobre o número de arquitetos hoje no mundo. São cerca de 500.000 distribuídos nos cinco continentes. Em média pode representar que existe um arquiteto para cada 13.500 habitantes.

Essa conta começa a explicar a monotonia das nossas cidades brasileiras, e especialmente das cidades do Maranhão.

Aqui, no Maranhão, poderíamos achar que, em função de nossa população, seriam suficientes os 450 arquitetos do Estado, já que, formamos uma população de quase 6.000.000 de maranhenses. Porém o contexto de nossa realidade indica que para os nossos 217 municípios, seriam necessários minimamente 3 arquitetos por município. Isso, para desempenhar as funções de, vá lá: um secretário de Urbanismo, um analista de Projetos de Habitação e Urbanismo nessas Prefeituras Municipais e pelo menos um arquiteto trabalhando para atender os clientes das cidades do Maranhão. Isto seria mínimo mesmo, beirando à insuficiência.

Três arquitetos por município representaria de imediato, a necessidade de pelo menos 650 arquitetos atuando vigorosamente no Estado. Temos porém apenas 435, sendo que boa parte está sediada e atuando apenas em São Luís.

Essa relação bastante critica, 13.500 habitantes para cada arquiteto, nos leva a pensar não que faltam arquitetos, mas que faltarão se não tivermos uma política de difusão do trabalho profissional eficaz e criteriosa tanto na valorização, quanto na interiorização.

Justifico minha consideração com a produtividade estimada de nosso trabalho individual, a partir da minha experiência de pelo 33 anos e lembrando que entre os veteranos sou uma das poucas profissionais que aderiram integralmente ao mundo da gráfica digital ( há arquitetos que dizem ter quase 90000 projetos, mas veja isso com atenção, pois estes apenas assinam os projetos enquanto outros arquitetos permanecem anônimos. Não falo desses dois).

Independentemente do número de clientes, normalmente não elaboramos sozinhos, sem auxiliares, mais do que 4 projetos por mês em média. Com tal produtividade, talvez pudéssemos atender por ano algo em torno de 50 projetos, o que parece ser muito, até para os grandes escritórios de Arquitetura ( eu não disse mega-escritórios).

Nesta contagem, é claro que considerei não tirar férias, não gozar feriados, ter que trabalhar até altas horas e acordar muito cedo, não ficar com a família e é claro ficar sem tempo para cobrar os clientes. Também considerei que não iríamos tirar as tais dúvidas de projeto nas obras, o que seria uma tragédia para a produção arquitetônica, mas seria impossível projetar e viajar pela cidade vendo obras ao mesmo tempo.

Com 50 projetos realizados por ano, por cada arquiteto/a, precisaríamos de mais ou menos 68 anos para projetar umas 3400 habitações, para as famílias das cidades de 13.500 habitantes.

Com tais números, se não errei nenhuma das contas, aparece a questão da produção da arquitetura brasileira. E explicam os aspectos do porquê os brasileiros ainda não consomem boa arquitetura.

Suas casas ainda são de pau-a-pique ou são palafitas, suas cidades são espontâneas e mal estruturadas. As cidades quando não são totalmente espontâneas, fazem parte de implantações planejadas como tabuleiros, cuja infra-estrutura é pífia e instaladas sobre paisagens naturais arrasadas.

Formam milhares de habitações todas iguais umas as outras, tediosamente repetidas e conjugadas lado a lado, independentemente da direção da luz do sol, do vento ou ainda da visada. E são empreendimentos lançados vorazmente sobre todos os recursos naturais, como se não tivéssemos um amanhã e a paisagem fosse apenas uma folha de papel em branco.

Barbara Prado
PS1: Esse texto foi originalmente publicado em outubro de 2007, mas o tempo passa e eu também. Por isso é preciso reciclar. Essencialmente, no entanto, o texto se manteve.

Vamos revisar a Lei de Usos e Ocupação dos Solos em São Luís

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Em muitas cidades, ao longo de décadas, as gestões públicas dos municípios têm apostado no desenvolvimento a qualquer custo, que alicerçadas pela especulação imobiliária e pelos interesses parciais da população, têm resultado na baixa qualidade da vida urbana.

Isso lembra o que aponta David Harvey (que é um geógrafo importante na discussão contemporânea da cultura urbana): que a fome especuladora é propriamente uma prática de um modelo econômico que constrói, não importando onde e nem pretendendo uma construção compatível com a cultura ou com o ambiente onde se implanta. 

De outro lado, Peter Sloterdijk (que é um filósofo atual) diz, ao discutir sobre a cultura de massa,  que nas lutas culturais a prerrogativa deve ser a prática da justiça com os reais e verdadeiros interesses de muitos. E ao reconhecimento recusado disto ele chama de desprezo.
Isto se dá construindo imóveis com total alienação do que é tecnicamente aplicável e ambientalmente razoável, formando uma cidade que mais parede um depósito de mercadorias de morar, e muitas vezes, sequer mercadorias habitáveis. E podemos ler isso no conjunto das normas urbanísticas do município, de onde todos que nele constroem devem extrair os regulamentos para as edificações. Os alunos de arquitetura geralmente apelidam estas normas de LUBSL, numa referência ao caderno Legislação Urbanística Básica de São Luís que as apresenta.

Nesta reflexão, sobre a Lei de Usos e Ocupação dos Solos do município de São Luís, que como o de outras cidades parece bem se enquadrar nesse padrão “sem noção da cultura, do ambiente ou das questões ecológicas”, faço um enlace entre os dois autores e as normas urbanísticas, cotejando ainda aos nossos princípios fundamentais delineados na Carta Magna.
Para a construção da cidade há pelo menos quatro normas fundamentais que todas as cidades deveriam possuir a Lei Orgânica do Município, o Plano Diretor, a Lei de Usos e Ocupação dos Solos e a Lei das Construções (mais conhecida como Código das Construções).

A Lei Orgânica do Município é o documento mais importante, de sua origem, pois nele, o conjunto social que emancipa um povoado a município declara como será ele (no de São Luís consta que o meio ambiente será sempre defendido).

O Plano Diretor que define as diretrizes de manejo e expansão das áreas urbanas, industriais, comerciais e as áreas de proteção ambiental. Também define o que precisa de instrumentos normativos complementares. O de São Luís foi revisto e aprovado em 2006, porém seus demais instrumentos ainda aguardam a vontade política para sua atualização!

A Lei de Uso e Ocupação dos Solos define onde e como o município será ocupado. E a Lei das Construções define os parâmetros como segurança, salubridade entre outros necessários para assegurar aos cidadãos o direito à cidadania, à dignidade da pessoa humana, à erradicação da pobreza, entre outros, como emana da nossa Carta Magna.

Os aspectos especulativos da expansão urbana entretanto têm colidido com esses direitos, e têm influenciado na reformulação das condições lamentáveis levam a cidade como a falta de urbanidade, de segurança e salubridade perpetuando e asseverando, não só as mazelas urbanas, mas a própria pobreza de seu povo.

Hoje, quando nossos cidadãos não conseguem caminhar pelas calçadas de São Luís, ou veem o esgoto escorrendo no meio da rua, ou sentem a falta de sombra de árvores nas ruas que poderiam protegê-lo do sol, não relacionam tais fatos à lei do plano diretor ou a lei de usos e ocupação dos solos. Até acreditam que é por falta delas que sua situação cidadã não se efetiva. Mas não é assim. A falta de cidadania está no caso de São Luís escrita na lei.

Resumindo num quadro as exigências relativas às infraestruturas e equipamentos urbanos trazidas pela Lei 3.253, de 29 de Dezembro de 1992, no Art. 180 que fica assim: 

Esse quadro traduz que as obrigações de equipar a cidade não é dos agentes imobiliários, mas da municipalidade, afinal a maioria dos projetos são aprovados em pequenas parcelas, menores que 100 e 200 unidades, que desobrigam os agentes de equipar seus loteamentos, conjuntos habitacionais e condomínios.

O artigo 180 da Lei de Uso e Ocupação dos Solos de São Luís, por exemplo, é tão cruel que define, não-calçadas e passeios, não-esgoto, não-parques e praças, não- paisagismo, pois as obrigações do empreendedor imobiliário são aplicáveis após um número de unidades loteadas. Para até 10 lotes o esgotamento sanitário, não é sequer obrigação. No entanto vemos grandes aglomerados se formando na cidade de São Luís, sendo que apenas pequenas parcelas descompromissadas deles são aprovadas nos loteamentos e conjuntos residenciais.

Isto ajuda a explicar a paisagem urbana da cidade em muitas áreas, já que essa Lei de Uso e Ocupação dos Solos de São Luís admite que haja sob nossos pés o esgoto correndo nas ruas, que tenhamos que andar no meio da rua, uma vez que nossas calçadas são vergonhosamente inacessíveis e inexistentes e que as árvores, praças, parques, postos de saúde e escolas sejam totalmente ausentes na expansão, cada dia maior de nossa cidade. 

Se esse foi um modelo adaptado de outras cidades trazido até nós, ele é hoje totalmente incompatível com nossa realidade insular. Mais ainda porque impõe um ônus absurdo à prefeitura, e que acredito eu, não deve haver no mundo (terceiro mundo) um que suporte tal ônus de prover todas as infraestruturas e equipamentos urbanos que os empreendedores acabam demandando com suas especulações. A lei que precisamos precisa, por si só, ser sustentável.

Enquanto isso, no lapso da regulamentação atualizada, os prédios estão ficando mais altos, mais áreas estão sendo impermeabilizadas, e é claro mais garagens tipo continuam não sendo computadas no ATME (área total máxima edificada) das obras. Aliás no lapso até se comete uma confusão, já há muito tempo,  para aumentar a capacidade construtiva do terreno. entre ATME e Gabarito (altura da edificação). Se o Gabarito de determinada área é autorizado para 15 pavimentos, o que em princípio é dito para aquilo que está acima do nível da rua, aqui é interpretado como 15 pavimentos fora as garagens que estão fora do ATME. E assim temos edifícios com 16, 1, 18 pavimentos e sabe-se lá quantos mais. 

Esta é uma abstração que realmente eu prefiro refutar. Até porque ela contraria a Lei de Uso e Ocupação dos Solos de São Luís, a própria Lei Orgânica do Município, que prega melhor qualidade de vida ao seus cidadãos e proteção do ambiente e o Plano Diretor de 2006.

Após essas reflexões, considero que a revisão da Legislação Urbanística deve trazer de fato o fim do desprezo. O desprezo à cidadania, à cultura e ao ambiente insular em São Luís. E recomendo que fiquemos atentos na revisão, que virá certamente, se não serão liberadas outras “artes” importantes e contrárias aos interesses dos cidadãos de São Luís.  
Imagino que após a aprovação do Código Florestal, teremos um excelente momento e motivo para verificá-las e suprimí-las (o desprezo e as “artes contrárias”) de uma vez por todas de nossas normas urbanistícas. 

Por Barbara Prado, em Outubro de 2011.

quinta-feira, maio 13, 2010

Ponto e traço



Um ponto e um traço. A cor, a textura, a forma, a figura e um fundo. Um após o outro, ou mesmo em ordem qualquer, retratam as idéias. Em papel e tinta ou em combinações binárias e expressões virtuais, não importa ndoo meio, as idéias se materializam e transformam as paisagens.


Se for mais fácil pensar com os meios do passado, como os simples papel e lápis, que sejam estes os elementos da metáfora.


A ponta do lápis numa folha de papel faz mais que deixar traços de carbono. Pode mudar vidas e mundos. Seu movimento, entretanto não é próprio. É forjado pelo ser humano, cujo movimento é fruto de uma intenção. Mesmo que seu desejo seja apenas o de registrar um traço aleatório, ainda assim não será só registro, será também ação. Tom Nieman me ensinou certa vez que toda e qualquer linha que houver num projeto deverá ter um sentido, uma razão para estar lá. Se eu não puder explicar a razão de sua presença, então é porque a linha não deveria existir.

quarta-feira, abril 21, 2010

Landscape transformation on two times




Abstract
In this paper its present the São Luis´s islandness, a cultural landscape transformation since natural landscape on Ponta D’Areia in São Luis of Maranhão, originated of urbanization of the 70’expansion. It does have adopted the landscape morphologic analysis method realized in one outline on Ponta D’Areia considering: the importance of quarter in relation to the São Luis City (a city in island) and its formation the ecosystems marine coast forms and the planning and spontaneous occupation on these ecosystems. We have identified three different directions on urban occupation. The first one on to beach-mange direction with a rustic occupation on the coast and then a planning occupation with vertical building with five floors on pilots, until 1988, which expanded itself to Jansen igarapé on perspective to fill in this area. The second one also on mange-beach direction and verticals occupation (fifty floors) after 1995, with its principal façade positioned to the sea view. Moreover, the third one on the beach-mange direction looking now for the Jansen Lagoon landscape, the igarapé as transformed in lagoon by urbanization since 1973, and then transformed in Jansen Lagoon Ecological Park (created in 1988 and building in 2001). We have observed whit this work that the planned and spontaneous occupation are distinct on the constructive typology, they have similarities on the building form over the ecosystems, which are set in the direction of the attractive landscapes of natural pretence.

Barbara Irene Wasinski Prado
Architect, Master in Urban Development UFPE 2002
Professor at the Universidade Estadual do Maranhão - Uema

sexta-feira, agosto 28, 2009

Aulas de Paisagismo

No endereço abaixo você encontra minhas aulas, textos, artigos, dissertações e outras informações sobre paisagismo.
http://planejamentodapaisagem.blogspot.com.br

Bom aproveitamento! http://www.slideshare.net/barbaraprado

domingo, agosto 16, 2009

Cursos Promovidos e Coordenados

Curso Fundamentos do Projeto Paisagístico -Turma São Luís -2006
Apoio: CREA-MA
Curso de Pós-Graduação em Paisagismo 
Apoio: Incursos







Turma RECIFE/2007
Curso de Pós-Graduação em Paisagismo 
Apoio: Incursos
Turma GOIÂNIA/2007
 















Curso de Atualização em Paisagismo
Apoio: Improcursos
Turma Uberlândia-M/2009







Slides de Aula:

sábado, agosto 15, 2009

Burle Marx em São Luís




Jardim do Palácio dos Leões em Sao Luis é projeto de 1967

Guaratiba é projeto de 1969










Vale a pena conferir esse endereço
http://www.vazio.com.br/blog/?p=348


Requalificação da Paisagem Nova York projeto de Diller Scofidio+Renfro


Foto ao lado é utilizada didaticamente para demonstrar a recomposição natural da flora em meio urbano. O povoamento se dá por semeadura dispersa pelo vento ou deposição de pássaros, morcegos e insetos voadores.
A fixação da flora urbana é favorecida pela poeira depositada sobre lajes e tabuleiros formando um solo pobre e acído. A vegetação é predominantemente de espécies pioneiras que sobrevivem a esses solos.
Um vídeo interessante para conhecer a requalificação da Estrada de Ferro Central de Nova York é encontrado nesse endereço: http://www.youtube.com/watch?v=DIerTFnRiR4

Neste outro endereço voce poderá ver um comentário sobre os pressupostos de James Corner e o Landscape Urbanism.

"Os pressupostos defendidos no livro de James Corner são há muito defendidos por Gonçalo Ribeiro Telles, o Pai da Arquitectura Paisagista em Portugal". Miguel Pereira, 2008 in
http://theurbanearth.wordpress.com/2008/03/04/urbanismourbanism-o-projeto-da-high-line-em-nova-york-the-new-york-high-line-plan/

segunda-feira, agosto 10, 2009

PAISAGISMO: O que há por trás da idéia de beleza?

INTRODUÇÃO

Quando se ouve falar sobre paisagismo a primeira noção que ocorre (e que parece não tecer dúvida) é a de que é de plantas e jardins que se fala. No entanto, não é bem assim. Essa “coisa de paisagismo” tem haver com a paisagem e ela não é só a verdura. O paisagismo é uma tansformação.
Podemos entedender seu sentido etimologicamente. O termo com significado de paisagem já foi citado até nas escrituras (GOMES,2002). Ele pode ter sido introduzido pelos romanos na Gália no século I aC. e era utilizado pelos romanos para designar os espaços agrícolas dos paganus (também origem para pagãos) habitantes da Gália. O termo assim era formado a partir de duas palavras: “pagus” que significa campo (1) e “aticum” que designa coleção (2) (AQUINO,1980).  
Os paganus possuíam uma agricultura peculiar e compunham sociedades aristocráticas de gauleses unidas somente pela língua e religião. Nessas sociedades, os pais das famílias, detinham total autoridade e se associavam à outros chefes de família, compondo tribos que formavam um agrupamento político essencial e ao mesmo tempo uma unidade geográfica. Certamente descreviam um exemplo de associativismo e cooperativismo para a construção de uma paisagem. Pode-se compreender também que eram um exemplo da identidade de lugar. Para os romanos os “paganus” se diferenciavam dos “urbanus” que viviam nas cidades e também dos “montanus” que viviam nas montanhas. Eram denominados equivocadamente pelos romanos de bárbaros germânicos por resistirem ferrenhamente a sua dominação (3) (AQUINO,1980). 

Etimologia à parte, pagus representava uma paisagem de desejo para os romanos e um esconderijo seguro para os paganus, pois era nos pagus que eles se escondiam com a chegada dos romanos em suas terras. Compreendemos que paisagismo foi também uma prática social e cultural que inscrevia a identidade do lugar não só pela forma do plantio ou pelo arranjo  espacial, mas também pela mensagem implícita da identidade do povo que se impunha a uma paisagem por sua cultura
Na evolução dos termos ao longo do tempo paisagismo se funde com duas palavras: paisagem e ismo (BUENO, 1974)
Assim a primeira representa para nós a materialidade do espaço em si e a segunda representa a ação, movimento ou mesmo conformação e ajuntamento. Juntas representam paisagem explicitando que em sua dinâmica a transformação tanto ocorre pela ação dos homens como pela ação da natureza. Elas estao presentes e permanentes na paisagem, mas esta última é mais lenta que a ação dos homens, ao longo do tempo. Em geral a ação da Natureza é mais notada quando ocorrem os cataclismos naturais, transformando a paisagem pelos terremotos, vulcões, ciclones ou maremotos, entre tantos outros fenômenos (que por sorte, quase não os temos por aqui no Brasil). Já as transformações causadas pela ação do homem, especialmente em nosso país, estas certamente superam em muito alguns cataclismos naturais. É sobre tais transformações que discutiremos neste texto, a respeito do paisagismo que transforma nem sempre para melhor. Discutiremos o sentido dessa palavra que é a paisagem e como ela tem tudo a ver com nossa vida e jeito de sermos.

PAISAGEM E IDENTIDADE

Importante lembrar que paisagem é vida, e, portanto, diferente de cenário que é simulação. 
Uma identidade explícita permite que reconheçamos as paisagens dissimilares de acordo com Zukin (2000). Elas apresentam formas e arranjos diferenciados, apesar de conterem às vezes os mesmos elementos de outros espaços, como o solo, a água, a fauna, a flora, as construções e os seres humanos. Mesmo que todos esses elementos estejam presentes em determinados espaços, ainda assim se diferenciam por formarem novos arranjos e novas formas e por isso revelam um caráter, uma identidade. 
E é ai que entra a questão que se coloca no título desse artigo - Paisagismo: o que há por trás da idéia de beleza? 
Se Paisagismo implica na transformação, não se formula apenas pelo aspecto estético, mas também pelo aspecto ético de uma sociedade. 
Essa concepção pode ser aproximada da trilogia - beleza - solidez – utilidade – (Vitruvius), ou para ser mais específica, da estética, ética e moral (no sentido estrito das palavras). Com essa reflexão, talvez possamos romper agora com o paradigma do paisagismo, em sendo apenas fazer um jardim bonito, até porque um jardim bonito, qualquer pessoa ou qualquer jardineiro pode fazer, basta que saibam alimentar bem as plantas e que tenha amor pelo que faça, e ainda assim regado pelo conhecimento, mesmo que empírico. 
O paisagismo enquanto ciência é mais que fazer jardim. É transformação da paisagem no sentido macro, é o espaço criado pelo homem e que interage e interfere na vida de outras espécies, como também na vida de outros homens. O paisagismo, como técnica de transformação da vida dos homens (preferivelmente para melhor), é o nosso foco central. Assim falaremos sobre a seara dos arquitetos e urbanistas, na qual se evidenciará o dilema de nossa atualidade e contexto. Como durante muito tempo a paisagem tem sido estudada pela geografia muito mais que pelos arquitetos e urbanistas que a transformam, entender essa questão é fundamental, pois é ai que se revela o real valor do paisagismo enquanto ciência. Mas que novas paisagens construir e quais paisagens preservar? No contexto ludovicense, que práticas adotar? Deixar que dunas, igarapés e mangues sejam preservados? Ou deixar que sejam destruídos, para depois serem recriados por simulação da natureza devidamente urbanizados? E que modelos de paisagem usaremos para a Ilha de São Luís? O modelo de Barcelona, o de Brasília, de Salvador, do Rio de Janeiro, da Disneylândia ou da própria São Luís? A vontade com tantos questionamentos basta que lembremos que a prática em São Luís tem sido a do processo destrutivo precedente ao construtivo, com base em modelos importados, por vezes exatamente ao modelo original. Não é xenofobia, é ecologia. Considero que na questão ambiental a importação de modelos que simplesmente não correspondem ao contexto local, precisam de suporte em pesquisa local, devendo ser cuidadosamente analisados e avaliados em relação a sua correspondência com realidade local. A humildade de apreender com os exemplos de outros, não pode ser superveniente. Copiar não é coisa muito sábia, como diz Milton Santos, copiar é coisa dos bichos (Santos, 1998). Como se está transformando a Ilha de São Luís (MA) talvez cheguemos ao estágio de 100% de paisagem cons(des)truída, tal como a “adorada e difundida” Manhattan em Nova York e incluindo aí nessa fantasia o Central Park, que algum dia foi “feio, sujo e mal cheiroso” , como alguns ainda pensam dos mangues daqui. Os mangues de lá que foram “belamente qualificados” com extensos aterros gramados e arborizados, tais como os pastos ingleses. Tal como as cabras pastando alegremente para manter os gramados sempre aparados foram uma condição insustentável, também os tapete gramados o são. Guardadas as devidas proporções econômicas e deixando de lado essa história de que tudo que vem de lá é lindo, lembremos que o que é feio aqui, não é a paisagem natural (que por sinal é muito bela). O que é feio aqui é o paisagismo construído com base na perpetuação da desordem e na falta de educação cidadã. São Luís não é um outro lugar e nem é formado por outra gente, por outra fauna ou por outra flora. 
É uma Ilha com 96,7% de população urbana, que não deve mais aterrar mangues e igarapés, nem tampouco construir nas dunas. 
Em São Luís o “Paisagismo bonito” é aquele que se faz da cidadania. Que faz a rua, mas não poupa a calçada. Que faz a calçada e não poupa o passeio do percurso livre e sem obstáculos. Que faz o caminho, dos muitos que andam a pé, sombreado e seguro. Que planta aquilo que as aves e os insetos daqui podem comer para se reproduzir. Que conserva homem e natureza, mas em condição de mesma importância. 
Concluindo esta reflexão de que aqui em São Luís o paisagismo tem que ter modelo próprio ou apropriado, desenvolvido para seu contexto, discutido por sua sociedade, posto em consulta ,explicado e esclarecido sempre
Este sim é o paisagismo da beleza, que por trás dispõe a ética de sua sociedade, produzindo o paisagismo-não-jardim, mas sim o paisagismo-paraíso-de-sua-gente. 

Notas:

1 - pagus” - significa campo - plantação - e lugar onde viviam os paganus, camponeses da Gália.
2 - palavra essa que evoluiu para “agem” no século XVI.


Fácil lembrar que estamos falando de personagens muito conhecidos como Asterix, Obelix, Magestix e outros, que defendiam seus campos e terras dos romanos interessados em alimentar seus exércitos para novas conquistas. Com um pouco de imaginação podemos até pensar no obelisco que carrega Obelix, como sendo a simbologia da resistência da cultura dos gauleses e a poção preparada por Magestix, como a identidade e força do povo que é despertada, conforme a sua ingestão.
Referências:



AQUINO, Rubin Santos Leão de; FRANCO, Denise de Azevedo; 
LOPES, Oscar Guilherme Pahl Campos. História das Sociedades Medievais, Comunidades Primitivas. Rio de Janeiro: ao Livro Técnico, 1980. 
PRADO, Barbara I. Wasinski. A Ponta D’Areia na São Luis do Maranhão: as formas e os arranjos da paisagem em transformação. Dissertação (Mestrado) – MDU/UFPE. Recife: UFPE, jul.2002.150 p.  
SANTOS, Milton. O Espaço Cidadão 1.ed. São Paulo: Hucitec, 1998.  

ZUKIN, Sharon. Paisagens urbanas pós-modernas: mapeando cultura e poder.In O espaço da diferença / ARANTES, Antonio A..(Org.) Campinas: Papirus, 2000. p.80-103

sexta-feira, agosto 07, 2009

Arquitetura da Arborização Urbana


Quando se fala em paisagismo parece que não há dúvidas. É sobre as plantas e jardins que se pensa estar falando. Há até certa lógica nesse pensamento, mas não se pode afirmar que seja de todo exato.
 

Hoje entendemos que a palavra paisagismo tem um significado muito amplo. A junção das palavras - paisagem + ismo representa a paisagem em transformação, tanto pela ação dos homens como também por ação da natureza.
 

Paisagismo é fazer paisagens. Pode-se dizer que essa seria a principal tradução deste conceito. Descontando o grande trabalho que fez e faz a natureza sempre e sempre, podemos dizer que todos nós fazemos paisagismo. E de fato todos nós o fazemos. Transformamos o tempo todo, tanto para o bem-estar como para o desmazelo da cidades (pois não podemos deixar de lembrar que algumas paisagens são um verdadeiro desastre em todos os sentidos).

As cidades crescentes de nosso país apresentam suas paisagens transformadas, nem sempre boas ou belas, como são as áreas degradadas pela miséria, pelo abandono social e ou pelo abandono técnico. Por isso, as transformações das paisagens precisam ser técnicas e devem ser assim porque as paisagens transformadas não são isentas de responsabilidades.  

Devem fazé-la bem os arquitetos nas cidades, os agrônomos no campo, e os engenheiros florestais nas matas e nas indústrias madeireiras.

A Arquitetura paisagística, que é o paisagismo dos arquitetos, ao fazer as paisagens tanto na grande escala como a cidade, como na escala de uma praça, requer conhecimento técnico de muitas disciplinas.


O arquiteto romano Vitruvius já ensinava no século I antes de Cristo, que a Arquitetura era a comunhão de três substâncias essenciais: utilitas, firmitas e venustas - (utilidade, solidez e beleza). Do mesmo modo ainda, a Arquitetura Paisagística não pode ser formulada só pelo aspecto estético, mas também sim, pelos aspectos utilitário, ético e moral de uma sociedade.


Além de gosto estético apurado e educado, é necessário ao arquiteto que o cidadão contrata, uma pitada de inovação, outra de curiosidade, e muitas, muitas de responsabilidade social e ambiental, se é que possível dar receitas sobre como projetar a paisagem.
 

Talvez você ainda se pergunte porque tanta responsabilidade será necessária para “plantar umas plantinhas pelo jardim” ou as “árvores nas calçadas das ruas”?

Posso responder falando sobre esses mesmos exemplos.

O primeiro, “plantar umas plantinhas no jardim” denuncia que a Arquitetura Paisagística ainda é percebida como uma atividade pouco importante, ou mesmo fútil. Esse é o primeiro equívoco absoluto que precisa ser rebatido. A Arquitetura Paisagística tem a função
de criar e organizar os espaços livres, utilizando diversos materiais para a construção desses espaços, e entre outros também o “material” vegetação. E não plantar plantinhas por aí

Esse ponto, portanto, não tem nada de fútil ou de pouca importância, e nem tão pouco é uma operação complementar à obra arquitetônica. É a própria obra arquitetônica, e sem dúvida alguma, uma especialidade que requer muitos saberes. Criar espaços livres (bons espaços) é uma função muito especial e fundamental.

Considerando que a Arquitetura Paisagística não tem como única preocupação a questão estética do espaço livre, mas sim sua qualidade ambiental, social e cultural), o outro ponto a ser rebatido é que, mesmo a proposta do pequeno jardim, precisa revelar sua condição transformadora.

Um jardim precisa ser um “lugar”. 

Um jardim precisa ter identidade, que permita desenvolver sensações agradáveis aos usuários e manter relações ecossistêmicas com seus freqüentadores (não só para as pessoas, mas também para a fauna do local). 

Tem que fazer parte do mundo que o cerca e que nos cerca, e principalmente, não ser apenas um local cheio de potes e plantas, cujos donos lutam para manter vivos e vitalizados, nem sempre com sucesso. 

O jardim antes de tudo tem que ser uma mensagem que nos diga algo.

Se nenhuma dessas observações ainda foi suficinte e convincente de que é preciso responsabilidade social e ambiental para se criar um jardim, aí então é preciso falar sobre “as árvores nas calçadas das ruas”.


O caminho de todos que ainda podem seguir sem titubear não é o mesmo de que precisam as crianças, os idosos ou as pessoas com necessidades especiais. Esse caminho precisa ser livre e sem obstáculos, precisa ser continuo e de fácil circulação. Precisa garantir o ir e vir e, portanto deve ter a largura adequada, para quem trafega e para o que nele se instala ou planta. Precisa ser bem sinalizado, não só com placas, pois muitos desses transeuntes nem sequer podem ver ou ouvir. Os sinais precisam ser voltados aos sentidos, todos eles.


Um exemplo são os pisos táteis, que podem ser sentidos pelos pés ou mesmo pelas pontas dos dedos das mãos que vibram quando a bengala passa sobre eles informando: - pare; siga; cuidado, você irá atravessar a via pública; ou mesmo há um telefone público à direita ou à esquerda. 


Não importa de quais sinais se fale aqui, desde que eles estejam pelas ruas, avenidas e praças o quanto for necessário, para permitir que as pessoas que vêem muito pouco ou nada, saibam se referenciar pela cidade. E que os deficientes auditivos também o façam ouvindo.

E o que essas coisas podem ter com as árvores nas calçadas? 


Nossa resposta dirá que para "plantar umas plantinhas ou arvorezinhas" nas calçadas das cidades é preciso entender a geometria dessa paisagem e entender que relações e dimensões espaciais, ambientais e ecossistêmicas estão presentes em cada quadra, em cada rua, em cada lugar.

A rua, esse complexo espaço livre, não é só para carros e pedestres passarem, é um espaço de fluxos e também um espaço social de iguais, em cidadania e de desiguais em necessidades.


Para uns e outros é um espaço público, que deve ser sombreado em pelo menos 2/3 do caminho para ser saudável e confortável nos dias quentes, como nos ensina Mascaró, e iluminado para dar segurança e possivel de ser usado à noite.Concordo com essa proporção em São Luís do MAranhão.


A árvore da rua, que se indica, não pode ser uma árvore qualquer, tem de ser uma que tenha as raízes pivotantes, apenas onde não houver infra-estrutura como tubulações de esgoto ou água potável abaixo da calçada. Quando aplicadas ao projeto da rua
não são indicadas as que  têm raízes superficiais, porque essas levantam os pisos das calçadas, e aí, nossos transeuntes de necessidades especiais teriam outros empecilhos - as raízes expostas e a destruição das sinalizações.

Falou-se que as ruas precisam ser sombreadas, mas não serão por qualquer sombra. Deverá ser de árvores cujo tamanho nem seja tão baixo que a copa impeça o flâneur, nem tão alto que a copa se enrosque nos fios da rede elétrica, e que depois não sejam castigadas pelo engano plantado, recebendo podas que as deformarão. Suas copas não devem competir com a iluminação dos postes, ambas devem se associar.


As folhas devem ser finas e lisas para não acumular poeira e para não espalhar o pó nos dias de ventania. Não deve ter frutos grandes que machuquem quem passa, nem por cair na cabeça, nem por fazer cair no chão. Que sejam frutos que os bichos do lugar possam buscar e comer, e não aquelas árvores que os bichos desprezam. As flores são sempre bem vindas, desde que libertem pouquíssimo pólen, o que deixaria os já alérgicos mais doentes, ou flores que caduquem tanto que as calçadas se transformam em caminhos escorregadios.


Enfim, quase parecendo que se descreve uma Arquitetura Paisagística do não pode isso, não pode aquilo, terminamos este papo, demonstrando que a geometria da paisagem é composta por muitos elementos materiais e imateriais. E que para dizer que uma planta se aplicará aqui ou ali, muitas coisas importantes, além da beleza que uma espécie pode nos dar, precisam ser levadas em consideração.


A Arquitetura Paisagística tem simpatia por todas as espécies, mas especifica para cada espaço livre apenas aquelas que constroem de fato uma paisagem. Isto é técnica e responsabilidade social e ambiental.



Eu, por outro lado, continuarei a ter antipatia (não gratuita) pelas espécies exóticas invasoras, principalmente quando se tratar da paisagem das ilhas.

quinta-feira, julho 26, 2007

Paisagem Arquitetônica

PAISAGEM ARQUITETÔNICA
Publicado nos Anais do VII Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – VII ENEPEA Belo Horizonte -2004

Este texto aborda a conceituação de paisagem, sua etimologia, os métodos de análise, a diferenciação entre paisagem natural e cultural e a estruturação morfológica da paisagem arquitetônica.
Caracteriza-se em parte do corpo teórico que fundamentou a pesquisa sobre as formas e arranjos da paisagem cultural transformada desde a paisagem natural desde o século XVII de um recorte físico em São Luís do Maranhão e foi desenvolvido durante o Mestrado em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco. Foi selecionado a partir das constatações da pesquisa cujo entendimento foi de que paisagem é uma condição essencial na formação e na prática profissional do arquiteto e que os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo, oriundos de um ensino fundamental e médio deficiente, ainda apresentam a necessidade de uma alfabetização ambiental.
Essa alfabetização passa necessariamente pela construção de um conceito de paisagem e de uma sistematização do conceito da paisagem arquitetônica como instrumento de análise aplicável à prática projetual.
Os estudos da paisagem arquitetônica, ainda que se alimentem da Geografia e de outras disciplinas, devem consolidar seus conhecimentos no campo da Arquitetura e do Urbanismo e em seu sentido mais amplo, no campo da Arquitetura Paisagística, pois entre os inúmeros agentes de transformação, é também o arquiteto, um agente que atua diretamente sobre a paisagem promovendo transformação desde a micro-escala, que é o edifício em si, até a macro-escala que é a cidade (gestão, planejamento urbano e regional, produção acadêmica, entre outras tantas contribuições).
Ao se avançar levando em conta o planejamento da paisagem, constata-se a quase ausência desse conhecimento em muitos cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, entre eles o da Universidade Estadual do Maranhão. Observando-se que esses cursos concentram os conhecimentos na produção de paisagens artificiais, voltados mais para a transformação da paisagem natural em cultural, e menos nos princípios do consorciamento ecossistêmico, deixando a cargo de umas poucas disciplinas (Paisagismo I e Paisagismo II no caso da UEMA) o estudo das paisagens naturais e a sua conservação e integração.
A própria ciência do Paisagismo, para muitos, encerra uma idéia equivocada. A de que seu conhecimento é somente o da transformação da paisagem, e não o conhecimento e conservação das paisagens – natural ou cultural. Cabe reforçar dentro da Arquitetura Paisagística até mesmo uma alfabetização ambiental dos futuros arquitetos do curso.
A idéia de que paisagem natural para muitos pesquisadores, inclusive arquitetos, seja algo que não exista mais e compreendidas como paisagens geográficas e, portanto culturais, nos alerta que esse conceito deva ser discutido, pois a sua qualificação como cultural pode conduzir a paisagem morfologicamente natural, à condição de recurso natural e insumo básico para a produção de bens e serviços. E sendo, portanto, recurso capital orientado à transformação (degradação ou perda ambiental) não apenas conceitual, mas também física.
A reflexão sobre o conceito de paisagem natural é fundamental para o campo da Arquitetura Paisagística, que se considera ser não somente a ciência do jardim, da praça ou do parque, mas da paisagem em seu sentido mais amplo, e assim da paisagem arquitetônica.
Vale lembrar que em países como o Brasil, que possuem extensas áreas de paisagens naturais com diversidade ecossistêmica significativa, considerar todas elas, como recurso e insumo, representa determinar sua apropriação integral e pôr em risco toda a diversidade biótica existente.
Entendemos que muitos poderiam ter sido os caminhos da pesquisa teórica para a discussão dessa temática, especialmente por se tratar de paisagem (dialética entre o concreto e o abstrato) o que representaria remeter-se às representações sociais. Entretanto entendemos também que o conhecimento no campo da Arquitetura Paisagística ainda em construção no campo prático, direcionou nossa opção para uma análise morfológica da paisagem, ou seja, buscar o entendimento desse objeto que é a paisagem (concreto), como base para futuros estudos do que é a representação social de paisagem (abstrato).
Em nosso trabalho essa é a ênfase, ainda que pontuando alguns aspectos da representação que as pessoas realizam sobre a paisagem. De que “a estrutura da paisagem seria o resultado da interação entre a natureza e a cultura – um complexo continuo de encaixe” (Schlüter in Gomes:1997:27). Ainda quando se considera a dinâmica da paisagem (Spirn:1995) em alguns pontos relevantes na abordagem desta investigação, objetiva-se a compreensão da transformação da paisagem natural em paisagem cultural, especialmente na produção da paisagem arquitetônica sob os princípios da conservação integrada. Princípios esses, sob os quais se acredita que as cidades poderão se tornar melhores para a vida de seus cidadãos e das comunidades bióticas.

PAISAGEM
Desde o século XIX, a Geografia, enquanto ciência, vem se dedicando ao estudo da paisagem e consubstanciando até hoje os estudos da Arquitetura e o Urbanismo. Essas contribuições têm vindo de filósofos e geógrafos, como os europeus Kant, Humboldt, Hatzel, Ritter, Vidal de La Blanche e Sorre e o estadunidense Sauer, além de Santos, Corrêa, Leite, Moreira e Moraes (Brasil) entre outros brasileiros (Leite: 1982; Corrêa: 1995).
Se as raízes da Geografia vêm da Antiguidade, do pensamento grego presente nos estudos de Heródoto ou Estrabão, que mostravam os traços naturais e sociais das terras por onde andavam, é no pensamento filosófico de Kant (1724-1804) que a mesma se fundamenta, pois para Kant, esse conhecimento se dá em duas disciplinas de síntese: a Antropologia e a Geografia. A primeira revela o homem e a segunda revela a natureza. Ambas são respaldo e campo de aplicação de seu sistema filosófico.
Kant, que lecionou em Koenigsberg na Alemanha, Geografia Física e sendo um dos precursores dessa disciplina, considerava o estudo da paisagem a partir de uma análise geográfica restrita aos aspectos visíveis do real, cujas variantes para a sua apreensão encontravam-se na tônica descritiva dos elementos morfológicos e na inter-relação dos elementos na dinâmica fisiológica (Kant: 1980; Moraes: 1999). Essas duas perspectivas – a morfológica e a fisiológica - apresentam como característica básica, a individualidade local, que permite compreender a paisagem como algo que identifica o lugar, pois cada lugar tem suas próprias características e estruturação morfológica diferenciada, mesmo contendo os mesmos elementos naturais iguais aos de outros lugares. A individualidade local seria a condição que diferencia os lugares e essa diferenciação se confirma também a partir do entendimento do termo paisagem.
O TERMO PAISAGEM
Etimologicamente Paisagem é uma palavra composta formada por “pagus”, que significa campo, aldeia; e por ”aticum” “agem” – que designa coleção (Bueno:1971; Azevedo: 1971), e se origina do latim. A origem da palavra paisagem é remota. Segundo Mesquita (2001), o termo “pagus” foi introduzido no século I a.C. pelos romanos na Gália (França), correspondendo a ”marco para delimitar espaços agrícolas”.
Conforme Bueno (1974) o termo “pagus” dá origem à “paganus” (habitante do campo) em oposição à “urbanus” (habitante da cidade) e a “montanus” (habitante das montanhas). Os paganus, assim chamados pelos romanos, compunham as sociedades aristocráticas de germanos (gauleses), unidas somente pela língua e religião. O pai, nas famílias gaulesas, detinha total autoridade e se associava a outros chefes de família formando tribos, sendo um grupamento político essencial ao mesmo tempo em que uma unidade geográfica (Aquino, Franco e Lopes: 1980). Os paganus também se diferenciavam por resistirem ao alistamento forçado ao exército romano e como prática permaneciam escondidos nos campos (pagus) (Aquino, Franco e Lopes: 1980).
Segundo Azevedo (1971), “pagus+aticum” evoluiu para o francês “pays+age” (no século XVI aparece o termo “paugâge”, depois no séc. XVII em 1656 “paysage”), que significa – país, aldeia, e o sufixo “age” que significa “porção de um” (Bueno: 1971). Também na Itália, no séc. XVII aparece “payzano” se relacionando com as pessoas do campo.
O termo “paisagem” evoluiu desde o século XV até os dias de hoje, vindo do conhecimento pictórico da Renascença, simultaneamente ao aprendizado do desenho em perspectiva e da pintura da paisagem (Tandy: 1982; Leite: 1982; Zukin: 2000; Mesquita: 2001) e também se relaciona com pessoas do lugar (cidadão) (Bley: 1999). A paisagem, como pintura ou imagem de um lugar, aparece no séc. XVIII na França. Em 1844, verifica-se o termo paisagista designando as pessoas que pintam paisagens. Bueno (1974) define o termo paisagem como sendo: “O aspecto complexo de um lugar, a vista do país. Provem da linguagem dos pintores, que reproduziam cenas campestres”.
Considerando-se o termo paisagem, entende-se assim que a identidade destas também revelava as formas de transformação empregadas por seus povos e não somente a suas formas naturais, evidenciando sua cultura, suas relações de produção e as relações sociais.

MÉTODOS DE ANÁLISE
Como ciência o estudo da paisagem passa a tomar forma a partir da Geografia. O caráter do estudo geográfico, principalmente o da Geografia Tradicional representada por Kant, Humboldt, Ritter e Ratzel, na Geografia Alemã e mais tarde com Vidal de La Blanche (1870) e Sorre (1940) na Geografia Francesa, era o estudo da paisagem “apoiado em sua totalidade em fundamentos positivistas, para legitimar a autoridade de uma ciência, uma definição precisa do objeto” (Moraes: 1999) e esse objeto seria a paisagem.
Na tradição kantiana, a perspectiva morfológica da paisagem é descritiva e enumera os fenômenos abarcados – os elementos presentes e as formas desses elementos (morfologia), restrita aos aspectos visíveis. Para Humboldt, a perspectiva morfológica da paisagem se fundamenta na Estética, enfocando a contemplação. No entanto, considera a relação entre os elementos presentes na paisagem e a dinâmica destes, levando em conta o funcionamento da paisagem como um organismo, fundamenta a perspectiva fisiológica da paisagem no campo da Biologia.
Humboldt e Ritter, que foram contemporâneos na Alemanha (ambos morreram em 1859), tinham concepções diferentes (Moraes: 1999). Enquanto Humboldt concebe a Geografia, como uma síntese de todos os conhecimentos da natureza e como método de análise, propõe a intuição a partir da observação (empirismo raciocinado), Ritter define o conceito de “sistema natural”, no qual o homem é o sujeito da natureza (proposta antropocêntrica), considerando uma área específica e “dotada de individualidade”. Sendo, portanto regional, revelando sempre a relação homem-natureza.
Como análise, Ritter considerava que “é necessário caminhar de observação em observação” (Moreira: 1994; Moraes: 1999). Embora esse fosse o método, foi Carl Ritter quem introduziu formalmente na Geografia “método” e “termo”, consagrando o estudo regional comparativo (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998). No mesmo período, no final do século XIX, Ratzel funda a Geografia Humana. Foi o primeiro formulador das bases da Antropogeografia, que estuda o homem em relação aos elementos do meio em que se insere. Definiu o objeto geográfico “como o estudo da influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade” (Moraes: 1999).
Ratzel entendia que a análise da paisagem consistia na observação e descrição. Nela buscava “ver o lugar como objeto em si, e como elemento de uma cadeia” (Ratzel in Moraes: 1999). A paisagem revelava assim não somente seus elementos naturais, mas também a ação dos homens sobre essa paisagem.
Foi na Alemanha que a sistematização da Geografia se fez de modo mais vigoroso, embora, durante todo o século XIX em outros países, outros geógrafos importantes também tenham contribuído para a construção desse saber (Moraes: 1999). Na França, a partir da Terceira República Francesa (1870) foram criados as cátedras e os Institutos de Geografia, sendo Paul Vidal de La Blanche seu fundador. Embora Vidal de La Blanche faça severas críticas ao pensamento geográfico alemão, não rompe com a visão naturalista. Para ele, “a Geografia é uma ciência dos lugares, não dos homens” e seu objeto “é a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem” (Moraes: 1999).
O homem é o habitante de vários pontos da terra e se adapta ao meio, desenvolvendo relacionamentos com o lugar, construindo um passado social no qual desenvolve técnicas, hábitos e costumes e a que Vidal de La Blanche denominou de “gênero de vida”. Os contatos com outros gêneros de vida seriam destacados como fatores de mudança da paisagem e fundamentais para o progresso humano.
Quanto à análise da paisagem, Vidal de La Blanche considerava as “formas visíveis, criadas pela sociedade em sua relação histórica e cumulativa com os diferentes meios naturais”. A “análise revelaria o resultado da ação humana na paisagem e não esta em si mesma” e para isso formulava o método empírico-dedutivo, a partir dos dados da observação direta de campo, a indução a partir da paisagem e a explicação dos elementos e processos visíveis. Esse estudo culminaria com uma “tipologia”, com a particularização, a comparação, classificação das áreas e os gêneros de vida, sistematizando os estudos e levando às análises regionais especializadas (Moraes: 1999).
Partindo dos conhecimentos de Vidal de La Blanche, surge o estudo de Maximiliam Sorre, sobre a visão ecológica na Geografia, no qual as condições do meio, o processo e as relações de humanização deste deveriam ser considerados na análise da paisagem.
O método de análise do objeto geográfico de Sorre partia da Cartografia com a sobreposição de dados colhidos na observação direta num mesmo espaço, levando em conta historicamente a formação de cada elemento, desde os naturais (solo, vegetação, etc) até os sociais, formando um quadro da situação atual, com o estudo do seu funcionamento e das inter-relações dos elementos presentes (Moraes: 1999; Serpa: 1999).
Com base nas teorias européias, a partir dos anos (19)30 a Geografia se desenvolve na América e diversos autores desenvolvem e aperfeiçoam seus estudos, mas Carl Sauer elabora um diferencial aproximado da Antropologia, com a formulação da Geografia Cultural.
Com o conceito vindo da Antropogeografia de Ratzel e da Geografia Humana de La Blanche, Sauer propôs a consideração “de dois tipos de paisagem: a natural e a cultural” (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998) que Santos (1997) apresenta como natural e artificial. Para Sauer, a proposta era o estudo das paisagens culturais, ou seja, “a análise das formas que a cultura de um povo cria, na organização de seu meio” (Moraes: 1999). A Geografia para ele se baseava na união dos elementos físicos e culturais da paisagem e seu conteúdo encontrava-se nas qualidades físicas e nas formas da paisagem, sendo elas naturais ou culturais.
Segundo Sauer, considera-se a existência de uma estrutura composta de elementos chamados de formas; da semelhança de formas nas diferentes estruturas consideradas homólogas e na disposição de elementos estruturais em série “estabelecendo um processo”. Seu método morfológico de síntese apóia-se nessas considerações. O estudo morfológico trata da “agregação e o ordenamento dos fenômenos como formas que estão integradas em estruturas e num estudo comparativo dos dados obtidos” (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998).
O pensamento da Geografia Tradicional “elaborou conceitos como território, ambiente, região, habitat, área, etc” conceitos esses hoje discutidos pela Geografia Crítica. A Geografia Crítica busca uma nova perspectiva dessa ciência, como as críticas de Lacoste, que intitulou uma de suas obras “A Geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra” (Lacoste: 1976) ou de Santos com o título da obra “Por uma Geografia nova” (Moraes: 1999). Yves Lacoste, Alan Lipietz, David Harvey e Milton Santos são expoentes dessa ciência trazendo novos conceitos, não totalmente desvinculados da Geografia Tradicional, mas contribuindo com a crítica aos aspectos econômicos da Geografia, em detrimento aos aspectos sociais.
Se a paisagem ainda é compreendida pelo senso comum como ligada às imagens campestres (campo, natureza, verde, mato), para a Geografia a paisagem é entendida como a materialidade do espaço, não sendo, entretanto, a mesma coisa que espaço. Segundo Santos (1997), “o espaço é a paisagem mais a sociedade que há nela”. A paisagem é uma das categorias de análise do espaço juntamente com a sociedade, a dinâmica social, a configuração territorial e o tempo.
Considerando a diferenciação dos lugares, Santos (1997) diz que a paisagem é mais do que a simples aparência “é um produto histórico”, um registro das ações ou não-ações humanas sobre um lugar. Não considera que a paisagem expresse assim um ponto geográfico, mas sim relações que lhe conferem uma individualidade, um caráter.
Assim para a Geografia, o estudo da paisagem tem caráter relacional. A paisagem é o resultado das relações da sociedade num dado momento, o que determina uma configuração territorial e que por sua vez, representa os arranjos sobre um lugar, num determinado tempo (Santos: 1997). Representando os arranjos que dão identidade a cada lugar, a paisagem então toma um sentido mais amplo, pois sendo um produto histórico, identifica o lugar e tem suas próprias características (estruturação morfológica diferenciada), mesmo contendo os mesmos elementos (partes) naturais e artificiais que outros lugares (Carlos: 1996; Santos: 1998).
A paisagem é multidisciplinar e seu enfoque varia dependendo do referencial e percepção do observador. A busca do conhecimento da paisagem refere-se à própria condição humana de criar e inventar e nessa paisagem, a natureza ensina o homem, desde o início da vida a plantar, a reconhecer os seus aspectos favoráveis e a dominar as técnicas para obter o seu sustento. A natureza fez o homem pensar e criar coisas que dela absorveu e transformou.
Se para a Geografia o conceito de paisagem sob o ponto de vista epistemológico é efetivo, para a Arquitetura e o Urbanismo ainda é um saber em construção. A modelação da paisagem como forma arquitetônica para as intervenções executadas pela mão do homem, sem o completo entendimento dessa paisagem e sem a compreensão de sua interação, ainda tem sido freqüente.
O que ocorre na prática é que, a relação da cidade com o sítio natural tem sido mais topológica que ecológica. E as intenções urbanas muito mais relacionadas com a viabilização da obra arquitetônica em si e em curto prazo, do que com os estudos mais aprofundados dentro da visão sistêmica da paisagem e seus ecossistemas, utilizando-se de forma imediatista da condição paisagística do local de sua implantação.
Com muita generosidade podemos dizer que uma boa parte dos arquitetos no Brasil atua levando em conta princípios da conservação integrada, mas uma outra boa parte nem sequer considera a questão da preservação ambiental, especialmente os que consideram a Arquitetura Paisagística uma disciplina menor. Em muitos projetos o discurso menciona essa questão, mas o desenho demonstra outras preocupações, que não as ecológicas, muito mais voltadas a iniciativa econômica e ao próprio ego de seus autores. Halbwaths (in Rossi: 1995) mostra que há uma relação entre as iniciativas de natureza econômica e o desenho da cidade, sobretudo, a preeminência do fato econômico da expropriação sobre o fato arquitetônico, e da forma.
Embora os primeiros dois aspectos (natureza econômica e o desenho da cidade) interessem para a compreensão da paisagem é a forma desta, o foco desta discussão, pois concordando com Zukin (2000), consideramos “a paisagem como o conceito-chave para compreendermos a transformação espacial”. Mais do que um conhecimento para avaliação da paisagem e base da intervenção do arquiteto na cidade, o estudo da paisagem para a Arquitetura e Urbanismo como para a Arquitetura Paisagística representa uma condição “sine qua non” dentro do princípio da conservação integrada, pois as operações na paisagem (conservação e transformação) são também desse domínio.
A paisagem não pode então estar restrita ao visível, tão pouco restrita a imagem de sua materialidade. A paisagem é antes de tudo impulso para a reflexão. Sua morfologia pode ser percebida por todos os sentidos, mas somente a apreciação de todos os seus elementos pode nos dar o conhecimento que permita uma reflexão.
Assim o conceito de paisagem representa a imagem da materialidade e também a própria materialidade do espaço, que é percebida pelo ser humano e que por ele é também transformada. A paisagem, compreendida como expressão da totalidade formada por elementos que interagem, implica uma condição essencial para a intervenção arquitetônica e urbanística. É preciso entendê-la como um sistema dinâmico, um processo, enfim, interações que incluem os seres humanos, os elementos naturais e os construídos.
 
PAISAGEM NATURAL
O conceito de paisagem natural suscita diversas interpretações. Alguns geógrafos e outros pesquisadores chegam a admitir que não existam mais na Terra paisagens naturais. O avanço das técnicas que o homem desenvolveu e a aplicação delas sobre a Terra representa para esses teóricos, uma condição diferente da que a paisagem original possuía antes delas. Degreas (1996) diz que “o homem através de seu conhecimento técnico já alcançou todos os espaços terrestres transformando ecossistemas de características naturais em paisagens artificiais, dando-lhe funções”.
Siegfried Passarge (in Gomes: 1997) entende a paisagem natural como uma composição mais que de formas e mosaicos, mas como interdependentes e relacionados à dinâmica de fatores como clima, solo, vegetação, orografia, geomorfologia e o mundo animal (os elementos naturais da paisagem).
Para outros teóricos como Sauer, a paisagem natural se diferencia pela estruturas que apresenta. Considera dois tipos de paisagem: a natural e a cultural. As formas contidas na natureza estruturam a paisagem natural e as formas que o homem produz estruturam a paisagem cultural, fazendo parte de um outro conjunto, diferente daquele que é a própria natureza.
Para Sauer, as formas da paisagem natural têm base geognóstica e climática. A base geognóstica, que é relacionada ao conhecimento da estrutura da parte sólida da terra traz, dos dados geológicos, os valores geográficos. Quanto à base climática, Sauer afirma que é o maior elo que liga as formas da paisagem, ou seja, que a “semelhança ou contraste entre as paisagens naturais” em geral “é primeiramente uma questão de clima”. Considerando esses dois fatores, “a relação com a paisagem é expressa em parte através da vegetação, que limita ou transforma as forças climáticas. Precisamos, portanto, reconhecer não somente a presença ou ausência de uma cobertura vegetal, mas também o tipo de cobertura que se interpõe entre as forças exógenas do clima e os materiais da superfície que atuam sobre os materiais que estão abaixo” (in Corrêa e Rosendahl: 1998).
As formas que compõem a paisagem natural, como o clima, a terra (superfície, solo, drenagem, recurso mineral), mar, litoral e vegetação se tornam conhecidas não por elas mesmas, “mas através da totalidade de suas formas”. Cada “paisagem sendo uma combinação definida de formas” (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998:49).
Essas combinações nos levam à questão ecológica, pois segundo Odum (1988), elas abrangem as comunidades, os ecossistemas e a biosfera. Assim, a biocenose (o conjunto de seres vivos) e o biótipo (o meio) interagem formando um ecossistema e a biosfera se constituindo na camada da Terra onde os ecossistemas atuam. Os ecossistemas apresentam dois componentes principais: os fatores abióticos (ambiente físico e químico) e os organismos bióticos (seres vivos).
Para Burle Marx (in Leenhardt: 1994:55), “na natureza, os reagrupamentos não acontecem por acaso, pois obedecem a um jogo complexo de compatibilidade entre o clima, o solo, a interação das plantas com os animais e das plantas entre elas”.
A paisagem natural apresenta formas distintas em si e combinações diversas relacionadas e condicionadas pelo clima, mas não transformadas pelo homem. Pode-se concluir que as paisagens naturais se diferenciam pelas combinações entre a relação água/terra, ou seja, pelas relações geofísicas e as condições existentes para a vida dos organismos bióticos (autotróficos e heterotróficos), que são os vegetais e os animais em um determinado lugar. Exemplificando, têm-se a paisagem marinha, a paisagem do deserto e a paisagem da floresta amazônica diferindo entre si, pois apresentam diferentes relações terra/ água, diferente flora e fauna e os diferentes climas.
Assim sendo, a paisagem natural é a expressão da materialidade resultante de ecossistemas naturais, que se por um lado são parte de um sistema aberto e dinâmico formado de elementos naturais num processo de interação e retro-alimentação (McHarg: 1969 e Spirn: 1995), de outro são os recursos naturais que a sociedade utiliza para a sua existência.
Observe-se que esse conceito também fundamenta a Lei 7804/89, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, na qual os recursos naturais são definidos como "a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”. E estão dispostos no meio ambiente como um sistema dinâmico e seu uso, segundo a Recomendação nº (95) (9 do Conselho da Europa), deve desenvolver-se de forma harmoniosa em relação ao ecossistema envolvido (Cury: 2000). Ainda nesse sentido, esses recursos são os elementos naturais que estão ao alcance do homem, mas seu uso deve ser conciliado com a sua capacidade de recuperação.
Sob o ponto de vista econômico para Wonnacott (1985), recursos naturais são aqueles que podem ser convertidos pela ação do homem em “insumos básicos utilizados na produção de bens e serviços”. Esses pesquisadores consideram que para que isso aconteça, na divisão tradicional dos fatores de produção, são insumos básicos: o recurso terra, o recurso trabalho, o recurso capital e recurso capital humano. O recurso terra representa os frutos da natureza; o trabalho representa os frutos do homem; o capital representa o fruto de bens e o investimento de quem pode esperar; e o capital humano representa os homens treinados, o fruto de quem pode esperar para produzir mais e melhor. Sob esses aspectos há que se considerar que a paisagem natural de ecossistemas chamados frágeis constitui o conjunto de paisagem em constante ameaça pelas dinâmicas sociais.
Resumindo, pode-se concluir que a composição da paisagem natural se dá sem a intervenção do homem e apresenta elementos morfológicos geofísicos identificados na relação água /terra e nos elementos fauno-florísticos representados pelos fatores bióticos, todos eles dependendo essencialmente do clima. A paisagem natural representa aquela em as formações morfológicas não se produzem pelo homem, embora estes os alterem. Possui formas e arranjos produzidos pela natureza.

PAISAGEM CULTURAL
A paisagem cultural produzida pelo homem é formada a partir da paisagem natural. Para Leite (1982), a paisagem “como manifestação da criatividade humana, apresenta uma essência dupla - é um fato físico, objetivo, categorizável, e é um arranjo definitivo, a configurar-se como uma realidade imóvel, e apresentar uma concepção estática” sendo que, para Sauer (in Corrêa e Rosendahl: 1998) “suas formas são todas as obras do homem que caracterizam a paisagem... A paisagem cultural é modelada a partir de uma paisagem natural por um grupo cultural”, sendo a cultura o agente, a área natural o meio e a paisagem cultural o resultado.
Mesmo que a humanidade pertença ao mundo biótico, “os homens têm uma autonomia maior que os outros organismos (Bobek e Schmithüsen in Corrêa e Rosendahl: 1998)”, sendo o que os difere de outras espécies a sua capacidade de inventar. Mesmo, entendendo a humanidade como parte do mundo biótico e “a natureza é como um continuum” (Spirn: 1995), onde todos os sistemas se comunicam, compreendendo uma totalidade (Frota: 1997), o homem, enquanto organismo biótico é parte integrante da paisagem natural não transformada, entretanto enquanto ser social integra a paisagem cultural.
Isto leva a compreender que a paisagem “é uma marca, porque exprime uma civilização, mas também é uma matriz, porque participa de sistemas de percepção, concepção e ação, ou seja, da cultura que canalizam em um certo sentido a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza” (Berque in Corrêa e Rosendahl: 1998).
Sendo, portanto um processo dinâmico, pois “a paisagem cultural substitui a paisagem natural e os artefatos tomam, sobre a superfície da terra, um lugar cada vez mais amplo” (Santos: 1997), e com a produção de um meio artificial, transformando a paisagem natural em cultural “com os restos da natureza primitiva crescentemente encobertas” por suas obras.
Se, no entanto, o que configura a paisagem cultural é a transformação da paisagem natural pela ação do homem, entende-se que essa transformação está também relacionada com o nível de intervenção aplicada sobre a paisagem natural, considerando que a intervenção humana modifica a forma do objeto.
Cosgrove (1998) explica isso muito bem quando descreve o seguinte: “o tomate, um objeto natural, é tirado do pé, é cortado e apresentado como alimento humano. O objeto tornou-se objeto cultural, foi-lhe atribuído um significado”. Embora esse objeto apresente as mesmas propriedades naturais, sua transformação (alteração da forma) apresenta agora um caráter cultural.
Estendendo esse exemplo, para a arquitetura paisagística (enquanto produção da paisagem cultural) quando na maioria das vezes se utiliza o elemento natural na composição de praças e jardins, entende-se que o arranjo produzido tem um significado cultural. Diferentemente do que ocorre, por exemplo, com uma paisagem natural do Alto Xingu. Considere-se que um de seus rios sofra contaminação (o que certamente não deveria acontecer). Dependendo do nível de contaminação sofrida, uma vez detectada poderá levar à recuperação do rio que continua a ser natural (o que inclui a variável ‘tempo’). Isto quer dizer que a transformação se verifica com a mudança da forma. Enquanto no exemplo do tomate ele tornou-se objeto cultural, no caso da praça ou jardim transforma-se em paisagem cultural. Já no exemplo do Alto Xingu, suas formas não foram alteradas e sua contaminação pode ser revertida, dependendo do grau de intervenção, permanecendo sua caracterização como paisagem natural.
O homem transforma a paisagem natural com base na sua percepção, grau de antropização e seus desígnios, com a qual identifica formas distintas que a compõe. A necessidade, a criatividade e a cognição dos homens conduzem os arranjos espaciais que compõem uma nova paisagem; uma paisagem construída, uma paisagem artificial sobre uma paisagem natural – ou como Sauer diz uma paisagem cultural (Sauer in Corrêa e Rosendahl: 1998).
Para Sauer (Corrêa: 1998), a paisagem cultural também se transforma a partir da mudança de uma determinada cultura, apresentando um desenvolvimento, um “rejuvenescimento” ou mesmo uma sobreposição. “Uma nova paisagem se sobrepõe sobre o que sobrou da antiga... uma paisagem que é escrita sobre a outra, é um conjunto de objetos que tem idades diferentes, é uma herança de muitos diferentes momentos”. A esse conjunto herdado do passado como forma, espaço construído e paisagem, Santos (1997) denomina “rugosidades”, que podem se apresentar como formas isoladas ou como arranjos.
No sentido mais amplo, “a paisagem é um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificiais. É formada por frações de ambas, seja quanto ao tamanho, volume, cor, utilidade, ou por qualquer outro critério. A paisagem é sempre heterogênea” (Santos: 1997), mas no sentido restrito, atendendo ao enfoque deste trabalho, que é a análise morfológica da paisagem, as frações representam paisagens distintas.
Para Spirn (1995), a terra “Vista do espaço, é um mundo-jardim, um planeta de vida, uma esfera de verdes e azuis, envolta numa atmosfera úmida. À noite, as luzes das cidades brilham ao longe, formando constelações tão distintas e variadas como as do firmamento além. Os espaços negros que seus arcos abarcam não são, contudo, desprovidos de espaço, mas repletos de florestas e fazendas, campos e desertos”. Essa citação descreve um conjunto – um palimpsesto (Santos: 1997) que é a paisagem formada, porém por outras frações, outras unidades de paisagem - naturais e culturais.
As ações humanas, transformando a paisagem natural ou mesmo uma outra paisagem cultural pré-existente, se revelam em muitas formas. Podem se estruturar em paisagens distintas morfologicamente como, por exemplo, uma paisagem rural, uma paisagem industrial ou uma paisagem urbana. Todas representam, entretanto a paisagem cultural. Assim, a paisagem cultural encerra um produto histórico de uma sociedade em um determinado tempo e lugar.
No entendimento do que é a paisagem cultural, logo artificial porque construída pelo homem, comumente não se encontra uma grande dificuldade, quando esta se refere à paisagem cultural industrial ou urbana. Sua compreensão, no entanto, se torna muitas vezes comprometida quando essa paisagem é constituída por elementos naturais em arranjos artificiais formando, por exemplo, “áreas florestais, áreas de plantio ou de áreas verdes ou áreas inundadas”, como é o caso da paisagem rural, dos parques reflorestados ou das represas e lagoas .
Como a paisagem construída pode apresentar tanto edificações, quanto jardins ou culturas verificando-se que a maior dificuldade conceitual reside na diferenciação das paisagens relacionadas às que contêm arranjos artificiais com elementos naturais. Também no imaginário coletivo, segundo Yázigi (1999), essas áreas com grande presença do “verde” que sofreram intensas transformações topológicas, mas que receberam cobertura vegetal, muitas vezes de uma única espécie, são considerados pelo senso comum como paisagem natural e até como lugares de ar puro, livre de poluição (apesar de todo agrotóxico usado nelas). Mesmo que a paisagem produzida simule a natureza ou constitua-se em arranjos espaciais com elementos naturais, trata-se de uma paisagem construída, pois embora “verde”, constitui paisagem cultural, transformada pelo homem com resquícios de paisagem natural.
A diferenciação entre a paisagem natural e a paisagem cultural pode ser identificada ainda com um simples sobrevôo, ou mesmo, numa imagem de satélite. A título de exemplo, comparando-se algumas áreas agrícolas dos Estados do Maranhão e Pernambuco, podem-se perceber diferentes formas de paisagem cultural rural. Os campos no Maranhão têm desenho diferenciado, pois apresentam formas geométricas, enquanto muitas áreas sobre Pernambuco apresentam campos com formas orgânicas. As duas paisagens podem revelar vários aspectos culturais, como as práticas agrícolas, o tratamento da terra, a divisão dos lotes, os tipos de cultivo, etc... Por outro lado, as faixas ou resquícios de elementos naturais presentes no meio de uma plantação, ou mesmo de uma cidade, constituem paisagens naturais devido aos seus arranjos naturais que predominam.
Para Leenhardt (1994), as paisagens que contêm elementos naturais em arranjos legíveis e artificiais, como é o caso da Floresta da Tijuca no Rio de Janeiro (RJ), da Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) ou da Lagoa da Jansen em São Luís (MA), não representariam senão a paisagem cultural. Entende-se que são áreas que, devido à proximidade das cidades, sofrem influência direta das intervenções humanas e que sua forma pode ser alterada quantitativa e qualitativamente. Quantos e que tipos de intervenção antrópica podem representar sua extinção ou permitir sua recuperação se trata de uma outra questão, mais relacionada ao planejamento da paisagem.
O caráter cultural de uma paisagem refere-se então ao fato de que seus arranjos são produzidos pela ação antrópica, diferentes da própria natureza, ainda que, com possíveis intervenções indiretas do homem, se diferencie quanto aos arranjos de uma paisagem cultural (construída; artificial; naturalizada). Sua composição apresenta os elementos geofísicos, os elementos fauno-florísticos, a sociedade e todos os seus produtos, inclusive as alterações do clima, da relação terra/água e da fauna e flora. Em seu conceito mais amplo, a paisagem cultural abrange toda a natureza original e artificial (constituída pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora, a fauna), bem como os bens culturais correlatos (formado pelas edificações, equipamentos urbanos, comunitários, enfim, todos os assentamentos de reflexos urbanísticos e integrados pelo patrimônio: arqueológico, artístico, histórico, paisagístico e turístico).
O homem, como já dito anteriormente, enquanto organismo biótico integrante da paisagem natural não transformada é também parte integrante e indissociável da paisagem cultural como agente transformador, que intervém no meio em que vive e que constitui a sociedade, apresentando uma dinâmica social, o que caracteriza uma configuração territorial.
Resumindo, pode-se concluir que a paisagem cultural é uma paisagem construída pela mão humana, apresentando arranjo artificial ou mesmo simulacro da paisagem natural e, é construída a partir desta ou mesmo sobre outra cultural, formando uma nova paisagem.
Sua composição apresenta elementos morfológicos do ambiente natural, do ambiente artificial e da própria sociedade. Esses elementos combinados em arranjos legíveis que estruturam a paisagem cultural. 

ESTRUTURAÇÃO MORFOLÓGICA DA PAISAGEM ARQUITETÔNICA
Uma cidade se estrutura a partir de seus elementos, que lhe dão forma e arranjos. Rossi (1995) diz que ao “descrevermos uma cidade é a sua forma que descrevemos”. Assim essa descrição, em resumo, é a Arquitetura da cidade. E o que se percebe é a paisagem urbana formada também por outros elementos.
Para Cullen, a paisagem urbana “é um conceito que exprime a arte de tornar coerente e organizado, visualmente, o emaranhado de edifícios, ruas, e espaços que constituem o ambiente urbano”. Considerado um dos pioneiros no estudo sobre a percepção da paisagem, estudou a paisagem urbana em suas minúcias, utilizando o método de análise por identificação visual, considerando os pontos focais e as perspectivas nas paisagens de forma serial, realizando percursos e analisando-os visualmente. Em sua obra, Paisagem Urbana, se perguntando sobre esse conceito (paisagem urbana), Cullen formula a seguinte questão: “Se me fosse pedido para definir o conceito de paisagem urbana, diria que um edifício é Arquitetura, mas dois edifícios já seria paisagem urbana, porque a relação entre dois edifícios próximos é suficiente para libertar a arte da paisagem urbana” (Cullen: 1971). Também para Lamas (1990), a paisagem cultural é a paisagem urbana que as cidades expressam o que dá o sentido de conjunto formado por vários elementos, que se constituem elementos da paisagem urbana.
Como abordado anteriormente, os arranjos da paisagem urbana não estão dissociados das articulações sociais e culturais e variam de espaço para espaço, dependendo de como se relacionam e contendo uma lógica similar que os identificam como urbanas. Da mesma forma, as relações da paisagem urbana não se restringem somente a essas articulações nem tão tampouco ao ecossistema urbano criado. Sua influência atua sobre outros ecossistemas adjacentes.
Segundo Spirn (1995), as interações (intervenções) das atividades humanas sobre a paisagem natural “produzem um ecossistema muito diferente daquele existente anteriormente à cidade”. Num processo de importação de energia e de matérias primas, a produção humana cria “um lugar completamente diferente da natureza intocada, ainda que unida a esta, através de fluxos de processos naturais comuns”. Esses fatores afetam a vida intra e extra-urbana podendo provocar impactos sobre a vida das populações e no ambiente.
As transformações, a partir da paisagem natural, mesmo nas concentrações territoriais delimitadas fisicamente, não se caracterizam em transformações culturais isoladas, atuando também em outras áreas de influência (Spirn: 1995). Entretanto nessas transformações, os elementos estruturadores da paisagem podem revelar muitos fatores que levam a determinados arranjos espaciais e como os lugares assumem determinadas identidades. Para Pellegrino (2000), a “estrutura da paisagem é o padrão espacial ou o arranjo dos elementos paisagísticos”, cujo entendimento se realiza na paisagem.
Para Spirn (1995), “a paisagem dentro da cidade é variada, adaptada à atividade especifica e ao caráter especial dos diversos bairros”, reforçando que também a paisagem urbana é formada de outras unidades de paisagem. Essas unidades podem também representar, em alguns casos, a produção de simulacros geográficos e / ou históricos de paisagens ausentes, o que, segundo Del Rio (1996), está cada vez mais popular nas cidades. Para Zukin (2000), por exemplo, a paisagem pós-moderna se caracteriza por ser uma paisagem urbana arquetípica formulada de duas formas contrastantes: a partir do enobrecimento (gentrification) de cidades antigas ou da “estilização” de cidades mais novas (disneylandização), representando cultura e poder. Esse fenômeno se verifica em muitas cidades. Até mesmo as formas e arranjos utilizados em alguns espaços públicos são similares, como em Brasília (Barcellos: 2000) e em São Luís (Prado: 2002).
Essas paisagens urbanas apresentam arranjos que muitas vezes simulam a natureza ou mesmo espaços urbanos que não existem mais e é essa simulação que as caracteriza como cultural. Santos (1997) diz que, com a modernização contemporânea, todos os lugares se mundializam.
Segundo Zukin (2000), há três temas que regem a produção dessas paisagens: a memória histórica, a diversão como controle social e a cultura da natureza. O que denota na construção da paisagem urbana uma tendência, sendo esta, preocupante no que se refere à produção do arquiteto, demonstrando a necessidade de uma sistematização para a compreensão desse objeto, que é a paisagem urbana e com enfoque mais especifica, a dimensão da análise morfológica da paisagem arquitetônica.
Spirn (1995) diz que as cidades apresentam dois elementos na estruturação da paisagem urbana: os elementos diferenciados e os elementos comuns. Os elementos diferenciados são os que se relacionam com recursos naturais de cada sítio guardando suas características. Em muitas cidades, esses elementos são responsáveis pela forma da cidade, “como também de sua localização, seu crescimento histórico e a distribuição da população” (Spirn: 1995). Muitas das características apresentadas nos elementos construídos são devidas também a esses elementos diferenciados, como se pode perceber nas cores das paredes das casas vermelhas porque o barro do lugar tem essa cor, ou do pau de mangue utilizado na estruturação da casa, ou mesmo, dos telhados dessa casas, cujas coberturas feitas de palha extraída das palmeiras de babaçu (que são endêmicas), como é o caso das construções das moradias nas invasões de São Luís, e que se revelam diferentes de outros lugares.
Por outro lado os elementos comuns são os que explicam o caráter urbano das cidades, resultantes das necessidades humanas (segurança, abrigo, alimento, água transformada, energia, circulação, etc), que apresentam uma similaridade urbana entre todas as cidades – edifícios, espaços públicos, ruas, etc.
Calvino (1990) demonstra claramente essa similaridade: os mesmos elementos com novos arranjos. Nas descrições que faz a Kublai Khan sobre as cidades por onde andou Marco Pólo descreve-as trocando apenas os elementos comuns que compunham as paisagens descritas, levando Kublai Khan a reconstruí-las na imaginação com outros arranjos: “desmontando a cidade pedaço por pedaço, ele a reconstruía de outra maneira, substituindo ingredientes, deslocando-os, invertendo-os”. Esses elementos paisagísticos, diferenciados e comuns, que formam os arranjos da paisagem urbana, não estão dissociados das articulações sociais e culturais e variam de espaço para espaço, dependendo de como se relacionam, contendo uma lógica similar que as identificam como urbanas. Sendo a paisagem arquitetônica a articulação entre os elementos diferenciados e os comuns, avança-se numa síntese de como essas partes se constituem, de forma mais amiúde.
Assim considera-se um esquema para identificar os diversos elementos que compõem a paisagem arquitetônica buscando-se categorias de análise da sua morfologia. Com base no conjunto dos elementos estruturadores da paisagem urbana - diferenciados e comuns – distinguem-se quatro tipos de elementos morfológicos: os geofísicos e os fauno-florísticos como os elementos diferenciados e os construídos e a sociedade como os elementos comuns.
i) os elementos geofísicos que são elementos que condicionam fisicamente o tecido urbano e representam os recursos potenciais de uma localidade como solo, água e atmosfera, que se combinam formando o mangue, a praia, a duna, a falésia, o rio, o lago, a montanha, o vale, etc, dando o suporte aos seres vivos;
ii) os elementos fauno-florísticos que são os elementos animais e vegetais presentes no elemento geofísico, endêmicos ou incorporados ao tecido urbano;
iii) os elementos construídos que são os elementos arquitetônicos e urbanísticos inseridos no elemento geofísico que compõem o espaço urbano, geralmente sobrepondo-se aos elementos fauno-florísticos naturais da localidade, como é o caso dos equipamentos urbanos, as vias e circulações, as construções e outros artefatos. (Jacobs e Gould: 1982; Spirn: 1995; Santos: 1997; Kohlsdorf: 1996). Alguns tipos de parques, praças e jardins e a arborização urbana são arranjos artificiais compostos de elementos fauno-florísticos naturais endêmicos ou exóticos;
iv) a sociedade como elemento que representa todo agrupamento humano e sua ação antrópica, toda ação/imaginação humana (Holanda: 1985), todos os cidadãos como agentes geológicos (Spirn: 1995). A sociedade aqui configurada como elemento estruturador da paisagem tem o mais importante papel na construção da paisagem arquitetônica (Fig.1.2).
Em suma, os elementos estruturadores da paisagem arquitetônica se articulam e se apresentam inter-relacionados, via-de-regra, com dominância dos elementos construídos produzidos pela sociedade, sobre os elementos geofísicos e fauno-florísticos.
Salienta-se aqui que a sistematização acima visa somente apresentar-se como uma ferramenta de análise para as intervenções na paisagem arquitetônica. Passível de aplicação na práxis projetual, não se configurando ai, nenhuma interpretação de qualquer tipo de hierarquia ou importância diferenciada para qualquer dos elementos estruturadores, uma vez que a idéia predominante para nós é da natureza como um continuum, se incluindo, a natureza do próprio homem e das formas que produz.
Como exemplo dessa aplicação, pode-se comparar a elaboração de um desenho de uma casa, que é um objeto composto de várias partes. A realizar-se uma separação conforme etapas ou camadas (layers) específicas, (que poderiam ser folhas de papel transparente ou mesmo uma plataforma de computação gráfica em arquitetura), ter-se-ia uma camada para as fundações, uma camada para as alvenarias ou uma camada para o telhado. Em cada uma das camadas específicas seriam detalhados os elementos da análise.
Seguindo essa mesma lógica e adotando-se um ordenamento das variáveis, a paisagem (totalidade unívoca) poderia ser analisada também em camadas (layers - dos elementos geofísicos, dos elementos fauno-florísticos, da sociedade e dos elementos construídos ou a construir) configuradas pelos elementos constituintes da paisagem arquitetônica. Esse ordenamento, apenas para a operacionalização da prática projetual, é a aplicação teórica da metodologia de análise.
Essa operação pode permitir uma sistematização mais abrangente para o estudo arquitetônico e urbanístico, no qual se pode identificar as qualidades ou restrições geofísicas do sítio e do entorno; a identificação dos elementos fauno-florísticos endêmicos ou passíveis de comprometimento; as ocupações existentes do agrupamento humano e suas orientações culturais, sociais e econômicas entre outras; e o elemento construído (ou a construir) e suas relações com todos os demais elementos. Essa proposição pode ampliar de forma sistematizada a análise, principalmente nos estudos preliminares, direcionando as considerações que envolvem o projeto, não só do objeto a construir, mas da paisagem onde se insere.

CONCLUSÃO
Para o campo da Arquitetura Paisagística, o conceito de paisagem, enquanto materialidade do espaço percebida como um produto histórico de transformações naturais e culturais contribui para o conhecimento dos lugares e das comunidades que nelas vivem.
Com uma diversidade tão grande quanto o ecossistema urbano (com elementos diferenciados e comuns interagindo), é o aspecto cognitivo que envolve o entendimento da paisagem, que por sua vez depende do referencial e da percepção do observador. Como diz Santos (1997), a “dimensão da paisagem é a dimensão da percepção”, entretanto a “percepção não é ainda conhecimento”, torna-se conhecimento “a partir da interpretação cuidadosamente seletiva, considerando mais que a aparência das coisas, os fatores da realidade”... e as “coisas que um arquiteto, um artista vêem, outros não podem ver ou o fazem de maneira distinta”.
Entender a paisagem para perceber as transformações, requer o conhecimento desse processo, de um lado, para que se otimize recursos que são necessários a vida do homem, enquanto sociedade, e por outro, em indicar como se deve atuar na paisagem, tanto natural (visando que não se esgote), quanto cultural (que se qualifique o espaço urbano a todas as suas comunidades bióticas).
A presença de uma tensão constante entre as relações antrópicas e a natureza, quanto a transformação, nos move a buscar respostas que possam indicar formas de interferência mínima para a construção de uma paisagem arquitetônica de cidade integrada a paisagem natural como também a cultural. Ainda que essa integração pareça para muitos uma idéia utópica, acredita-se que pode haver transformação, respeitando a identidade das comunidades bióticas e construindo as cidades atreladas a esse princípio básico.
A utilização sistematizada das categorias de análise em desenvolvimento de projetos, segundo os quatro elementos da paisagem, geofísicos, fauno-florísticos, sociedade e construídos ou a construir (apresentados neste trabalho Fig.1.2), podem refletir positivamente na prática projetual. É uma aplicação teórica na prática do projeto, que reduz os riscos de se omitir aspectos fundamentais de uma análise ou do próprio planejamento, contribuindo assim para a formação um retrato global interpretativo e crítico.
Essa sistemática foi aplicada na pesquisa Formas e Arranjos da Paisagem em Transformação, desenvolvida em São Luís do Maranhão, o que permitiu a obtenção de resultados importantes, tais como: identificação da reprodução da ocupação do solo (desde o século XVII até 2002 as tipologias construtivas diferenciadas mantêm a forma de ocupação sem preocupação ecossistêmica); produção de paisagem de simulação; produção de paisagem como capital; e os movimentos da ocupação, ora do manguezal ora da orla, entre outros resultados. Também vem se aplicando essa sistemática na disciplina Paisagismo II do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão, na prática de projetos de macro-paisagimo e planejamento da paisagem, desde o 2º semestre de 2002, apresentando uma tendência de maior interação entre o projeto em si e o trato do meio inserido constatados no desenvolvimento das atividades da disciplina e nos Trabalhos Finais de Graduação.
O que se conclui é que a identificação dos elementos que estruturam a paisagem arquitetônica contribui, neste estudo, para uma compreensão da paisagem e dos processos de sua transformação, que se configura em uma nova paisagem, especialmente em áreas cujos ecossistemas frágeis que ainda não foram totalmente alterados.


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